31.3.06

Homofobia


Excerto do hino de campanha da Galp Energia relacionada com o mundial de futebol 2006:

É o retrato de um país aplicado ao futebol.
Tem tudo o que é preciso, só perde por ser mole.
Toca a acordar, pessoal!
Queremos mais garra,
deixar de ficar felizes quando a bola vai à barra.
Vamos com tudo, meter o pé, chutar primeiro,
Que o último a chegar é panel****.
Ter medo deles? Isso era dantes!
Vamos embora encher de orgulho os emigrantes.
Sem esquecer que nas grandes emoções
quando grita um português, gritam logo 15 milhões.



Já enviei o meu protesto para galp@galpenergia.com. Agora fico curioso em ver qual dos jogadores será o último a chegar.

Gosto muito do Ballack. Se ele assinasse pelo Benfica é que era!


Actualização: A GALP decidiu retirar a palavra panel**** da página de internet. 'Bora celebrar, quero ver tudo a pular!! E quem não salta, é panel****... uups...

22 comentários:

Anónimo disse...

:O

Ass: o usuário Anónimo

/me disse...

Também concordo que não será homofobia, que a palavra aparece um bocado desprovida de sentido. É "tradição", digamos. Muitos dirão paneleiro porque sempre se disse paneleiro, e pronto. Mas as palavras não são inocentes. Se eles dissessem que o último a chegar é cigano, acho que era igualmente grave. E eu chamo a várias pessoas cigano (e abuso do "vá, faz-te homem, não sejas maricas" :P).

Não sou grande adepto do politicamente correcto, mas acho que as instituições não podem ter o mesmo tipo de linguagem que as pessoas na rua. E o permitir-se oficialmente que se use a palavra paneleiro parece-me grave.

Finalmente, obrigado pelo abraço e pelo beijo. Mas confesso que me faz muita impressão cumprimentar homens com beijos. É normal nalguns países, mas sempre que mo fizeram - itália e bélgica - fiquei todo atrapalhado, nem sabia onde me meter. :D

/me disse...

Eu sou um bocado homofóbico. :p
(eheh)

LeGourmet disse...

Quanto ao cumprimento de beijo, basta-me o meu Pai, mas isso é uma minudência...

O importante é o post....e a mensagem subliminar da orientação sexual do Ballack. Sabes alguma coisa que nós não saibamos, /me?

Um abraço e bom fim de semana!

/me disse...

palmira, tu é que sabes, mas se fosse eu falava directamente com o meu amigo sobre isso. Primeiro dizia exactamente o que pensava saber. Depois perguntava-lhe se ele queria confirmar ou desmentir, ou se preferia mudar de assunto. Claro que aí corres tu todos os riscos, mas se ele é teu amigo, é capaz de valer a pena, não?
Mas, claro, tu é que conheces a situação. :)

Queer Gourmet, eu nem o meu pai gosto de beijar, embora ele às vezes tome essa iniciativa. Eu cá sou muito macho, não quero nada disso de beijinhos entre homens. :P
Quanto ao Ballack, não sei nada de relevante. Mas gosto muito dele, como jogador (e não só).

teresa.com disse...

e nunca na vida se vai voltar a ve-los correr tanto! mas algum ha-de ser o ultimo, that's for sure!

Mikael disse...

Parabéns pela vitória. Acho que estas pequenas lutas são importantes para se ir combatendo o preconceito.

Abraço!

Anónimo disse...

Pessoalmente acho que não foi uma vitória, mas sim um enormissimo retrocesso. Afinal paneleiro tem uma conotação pejorativa, mas não tem nada a ver com homossexuais penso eu, maricas tampouco tem a ver com homossexuais, são palavras apenas com uma certa conotação, às vezes dúbia. Digamos q aão palavras homónimas, escrevem-se da mesma forma mas têm significados diferentes, consoante o contexto. Afinal paneleiro atribui-se a um gajo que não vale nada, ou que "apanha no cú", que se deixa humilhar, mas, afinal "apanhar no cú" o que tem a ver com homossexuais? (o que tem uma violação(humilhação) a ver com fazer amor?) O que tem isso tudo a ver com a vossa causa? Afinal o facto de uma pessoa gostar de "apanhar no cú" não significa que seja homossexual, será que um acto ou o gosto por um acto define a orientação sexual? Eu acho que não. Afinal toda a gente gosta de sentir prazer, portanto, uma pessoa que gosta de "apanhar no cú" simplesmente gosta de "apanhar no cú", isso dá-lhe prazer (o facto de se lhe chamar paneleiro significa que apanha por trás, pelo fundo da panela (o cú), e é depreciativo pq é um acto que tem como objectivo humilhar quem não sente esse prazer ). Ninguém fala de homossexuais quando fala de paneleiros. Aliás, presumo eu que os homossexuais fazem amor entre si da forma que toda a gente sabe, há também aqueles que fazem o que toda a gente sabe porque lhes dá prazer, há também aqueles que fazem o que toda a gente sabe e ainda o que ninguém sabe, mas, o que é que uma coisa tem a ver com a outra?
Na minha opinião, os homossexuais são outra classe. Ou será que estou errado? Será que são uma data de paneleiros como parece que queres afirmar?
Sinceramente acho que foi um enormissimo retrocesso, na minha modesta opinião.

Ass: o usuario Anónimo

/me disse...

boleia, esperemos para ver. :)

Mikael, também acho.

o usuario Anónimo, também é costumeiro usar "cigano" como insulto. E é uma palavra também com conotação dúbia. Eu chamo "cigano" a amigos meus, de vez em quando. Principalmente a um amigo meu romeno, que parece mesmo cigano! :D
Porém, se usarem essa palavra no hino de campanha, "e quem não salta é cigano", eu vou protestar, também. É um insulto aos ciganos? Talvez não, talvez seja o tal significado dúbio da palavra. Mas utilizar palavras dúbias que serão lidas por pessoas de contextos diferentes é perigoso.

Anónimo disse...

Eu sou a favor da liberdade de expressão, da liberdade do uso das palavras. Se te sentes prejudicado por se dizer que "quem não salta é paneleiro", ok é porque te revês ou achas que alguém sairá prejudicado. Mas eu pensei que fosses homossexual e não paneleiro. Se defendes os paneleiros tudo bem, também tens esse direito, tenho é pena que outras instituições se vejam privadas da sua liberdade de expressão pela tua causa, que parece ainda um bocado indefinida e confusa.
Falam de tanta descriminação e eu não vejo nenhuma, a sério, nunca vi ninguém a descriminar um homossexual. Falo como observador do mundo.

Mas agora, se dissessem "quem não salta é assassino" também irias defender os pobres assassinos coitados?

Acho que não adianta dar voltas à expressão ou frase, simplesmente não faz sentido dar voltas, chega-se sempre ao mesmo ponto e não se aproxima do centro da questão.

Enfim...mesmo assim, eu percebo-te. Só que um advogado tem q fazer pela vida, n é?

Ass: o advogado Anónimo

Anónimo disse...

Estou perplexo com as afirmações do usuário Anónimo ...

Creio que afirmas que o gosto ( de um homem, suponho ) "apanhar no cú" ( por parte de outro homem, suponho ) não significa que seja homossexual.

Homessa!!!

Bem, pode significar, com informação adicional sobre as suas relações com mulheres, que é bissexual ... Agora hetero não me parece que seja - nunca conheci nenhum assim ...

Mesmo não nos preocupando com rótulos, ou admitindo que há variação contínua, e não discreta, da orientação sexual, homem que goste de "levar no cú" por outros homens parece-me ter alguma componente homo ...

Afirmas "Ninguém fala de homossexuais quando fala de paneleiros". Oh, meu caro usuário Anónimo, posso garantir-te que sim.

Olha, eu sou bi, o que, prima facie, me dá uma certa respeitabilidade social. Mas há duas fronteiras que um bi não pode ultrapassar se quer manter essa respeitabilidade. Primeira: tem que deixar claro que é só por prazer físico, que não há qualquer afectividade, emoção, paixão, amor, ... Segunda: que enraba, não é enrabado. Se um bi se conserva dentro destas fronteiras, é olhado com uma condescendência divertida, como um excêntrico que, em vez de colecionar selos do Burkina Fasso, coleciona paneleiros. Mas a importância que a sociedade liga ao segundo ponto é tal que se um bi afirma que gosta de "levar no cú", que é paneleiro, é automaticamente riscado da lista dos bis e posto na lista dos gays.

Acredita-me que estás enganado e bem enganado.

Quanto às tuas últimas afirmações, sim, claro que tens razão: as formas físicas de expressão sexual entre os homens são até muito mais variadas que entre homens e mulheres e as relações anais não são um must; aliás, tais relações também podem estar presentes entre homem e mulher.

Acredita: para todos os efeitos prácticos, vale a equação
Paneleiro = Maricas = Homossexual.

Outra coisa é a reação a ter. Em termos gerais, concordo com o que o /me tem dito. Pequena nuance: eu sou mais "politicamente correcto", mesmo nas relações interpessoais.

ZR.

Anónimo disse...

Caro usuário Anónimo:

Ontem era já noite avançada, estava cheio de sono e numa coisa fui pouco claro: quando afirmei que as relações anais não eram um "must" entre homens. Depende do que entendermos por "must". Obrigatórias não são, claro. Mas muitos ( todos? ) os casais gay tendem a coinsiderá-las como o cume, o ápice, o acme, o nec plus ultra de intimidade. A ponto de as outras formas de expressão sexual ( incluindo sexo oral ) serem consideradas como petting. Isto não significa - muito longe disso - que, na cama, entre dois homens que se amem, se passe sempre por aí. Há uma diferença em relação ao caso homem/mulher, em que a penetração ( vias ditas normais ) ocorre quase sempre. Diferença curiosa, que não está muito de acordo com o estereótipo do gay como monstro de lubricidade, inebriado pela perspectiva do prazer hard. A minha opinião de insider é que as formas de expressão do sexo entre homens são predominantemente surprendentemente ( para os outsiders ) soft.

Um abraço,
ZR.

/me disse...

advogado Anónimo (gosto mesmo destes nicks, eheh),
1- Não coloco em causa a liberdade de expressão. Mas, num estado de direito democrático, as coisas funcionam assim. Se me sinto prejudicado, ou acho que outros o são, pelo que alguém diz, tenho o direito a protestar ou a usar os tribunais. Estes decidirão se houve ou não abusos.

2- Eu não tenho uma causa, por isso é normal que a vejas confusa. Pontualmente, em casos em que veja injustiça (ou, mais frequentemente, em que não veja acentuar palavras como "passámos" ou "cantámos", o que me irrita solenemente), protesto.

3- Se usassem a palavra cigano ou preto, que dirias então? Eu protestaria na mesma. Se usassem a palavra assassino, seria de mau gosto. De qualquer modo, as pessoas incomodam-se mais de serem chamadas paneleiros que assassinos.

4- O poder das palavras pode ser destrutivo. Uma grande, enorme, percentagem de suicídios entre os mais jovens tem a ver com descobrirem-se homossexuais/bissexuais (não gosto muito destas "etiquetas", não acredito nelas, mas pronto). O gozar publicamente com os paneleiros (e sim, este termo refere-se a quem se sente atraído por pessoas do mesmo sexo!!!) contribui muito para isto.

5- Eu já vi homossexuais serem colocados fora de casa pelos pais. Despedidos de emprego. Gozados em público, então... E vejo que em termos de casamento, os homossexuais não têm direitos equivalentes aos heteros.

Anónimo disse...

Isto é apenas um jogo de palavras... e devia ser de futebol!
Venha o próximo post...

Ass: o fantástico desistente Anónimo

/me disse...

Oh, hoje é sábado, estou de férias do blog. (a menos que me surja algo que me apeteça muito muito escrever) :)

As palavras têm um peso enorme, fantástico desistente Anónimo .

Quando dizes "e quem não salta é tal coisa", esse tal coisa presume-se ser negativo. Assassino enquadra-se em algo reconhecidamente negativo. Mas usar a palavra "paneleiro" é dizer que ser paneleiro é algo mau. Ora, paneleiro é uma palavra que é usada para insultar pessoas de tendências homossexuais. Também é usado noutros sentidos, mas o significado de dicionário é esse. Esse é o seu significado mais forte, e que não fosse, bastaria ser um dos seus significados.

Ou seja, tínhamos uma empresa com participação estatal (se não me engano) a dizer que é reprovável ser-se homossexual.

Contra isto, sim, claro que protesto.

E repara, fantástico desistente Anónimo , quem cala consente. Logo, falo. :P

LeGourmet disse...

E falas normalmente bem!

Há uma coisa BEM pior que a falta de acentuação no "cantámos" ou "passámos". É o "disses-te" ou o "comes-te"!

Um abraço e bom fim de semana

/me disse...

Queer Gourmet, essa até me dá arrepios na espinha. Mas, felizmente, ainda não chegou aos jornais. Agora a falta de acentuação nessas palavras é regra (mesmo regra) em muitos jornais. E, na televisão, muitas vezes também já não acentuam (no registo oral) essas palavras...
Grrr!!!

Anónimo disse...

AR, alguns minutos depois desiste de comentar este post... AR não gosta de futebol, AR chama panel**** ao irmão quando está chateada com ele (se bem que AR não pode ser essa coisa, AR é o feminino de panel****)... AR gosta da A. Mauresmo, a jogadora de ténis, é um bocado a fugir para o homenzinho, mas vá lá, entenda-se o gosto como uma recaída hetero da minha parte. Ai que a mulher é fantástica! Que corpo!

Discussão chegou depois a um ponto sobre o qual AR nem sequer pode mandar a sua boca_inha...

Assinado por imagina quem! Isto foi uma discussão machista ou eu tive uma das piores semanas de que me lembro!?

beijinhos \me, A_inhaR

Anónimo disse...

Bolas!!! Discussão fixe, e eu a perder isto. Cheguei tarde.

Ponto 1: Pra mim o pior mesmo é quando dizem 'o que fizestesssss', ou 'o que comestesssss'. Aí é ke eu me passo!

Ponto 2: quer o anónimo (usuário, advogado, etc, etc), quer o \me usam argumentos válidos e bastante relevantes. Mas neste mundo que nós temos, as coisas funcionam da forma que sabemos. Ou seja, só me resta concordar com o \me. 'Paneleiro', 'Maricas' e outras palavras assim, têm uma conotação negativa, embora muita gente tenha orgulho em sê-lo, não há como negá-lo.

Ponto 3: Gays, Bis, outros afins... Não gosto de definições. Cada um dá e leva onde gosta. E o que é bom num momento, pode não o ser noutro. Acho sinceramente que a sociedade dá demasiada importância ao sexo anal, daí o ponto 4.

Ponto 4: Concordo, apoio e entendo perfeitamente o zé ribeiro. Se fores bi 'activo' a sociedade 'aceita'. Se fores bi 'passivo' és um gay não assumido... Ke porra!!! A sexualidade é tão mais do que isso... Pena tenho daqueles para quem o sexo é só o acto de penetrar ou ser penetrado. Faz-me lembrar uma das perguntas mais estúpidas que existe, e que infelizmente é repetida, e repetida, e repetida pela maioria das pessoas qd na presença de um casal gay ou lésbico "qual será o(a) que faz de homem e o(a) que faz de mulher?", seguido quase sempre daquela risada irritante "hihihih". Será que não percebem que entre dois homens não é susposto um fazer de mulher? Pra isso existem as mulheres!! Gaijo que gosta de gaijo, gosta de gaijo mesmo. O mesmo se passa entre duas mulheres. Imaginem a 'trabalhêra': um rapaz, passar toda a fase de descoberta, de aceitação, perante o próprio e perante a sociedade que é gay, para no final ir pra cama com um gajo que vai fazer de mulher?!?!?!? Se fosse assim não seria muito mais fácil ficar-se logo por ser hetero?

Ponto 5:
"Mas muitos ( todos? ) os casais gay tendem a coinsiderá-las como o cume, o ápice, o acme, o nec plus ultra de intimidade. A ponto de as outras formas de expressão sexual ( incluindo sexo oral ) serem consideradas como petting. Isto não significa - muito longe disso - que, na cama, entre dois homens que se amem, se passe sempre por aí. Há uma diferença em relação ao caso homem/mulher, em que a penetração ( vias ditas normais ) ocorre quase sempre. Diferença curiosa, que não está muito de acordo com o estereótipo do gay como monstro de lubricidade, inebriado pela perspectiva do prazer hard. A minha opinião de insider é que as formas de expressão do sexo entre homens são predominantemente surprendentemente ( para os outsiders ) soft."
by Zé ribeiro.
Esta conversa agradou-me. E excitou-me, admito.... ;)

Ponto 6: Liberdade de expressão. Que melhor exemplo que este blog?

Ponto 7: \me , tb detesto etiquetas!!!

Ponto 8: Eu beijo o meu pai, o meu irmão, os meus avôs quando ainda os tinha, o meu sobrinho e os meus tios. Já beijei alguns amigos (beijo inocente na face) e admito que foi mais estranho pra eles que pra mim. Beijei e muito um namorado, que quando deixou de o ser, passou para o aperto de mão. Isso sim foi 'strange'. Passar de uma intimidade profunda para um aperto de mão... Já lhe disse que me apetecia pelo menos dar-lhe um beijo na cara, mas... acho que vamos ficar pelo hand shake...

Ponto 9: Ex-namoradas e amigas levam beijos na cara. Colegas e algumas desconhecidas também.

Ponto 10: Adoro beijar!!! :) Tudo!!! quase tudo... ;)

Ponto 11: Tou farto de tantos pontos!

/me disse...

AR, porque não se pode dizer paneleira? É injusto, e não é justo!

aequillibirum, e quando começas a escrever um blog (não me esqueci que quase prometeste!)? :)

Anónimo disse...

Caro Senhores:

Chamo-me José Ribeiro, sou professor de Matemática ( na Universidade de Évora ) e, usando a pitoresca linguagem do vosso "hino" de apoio à
selecção nacional de futebol, sou paneleiro - o que tem sido uma fonte de prazeres, físicos e espirituais.

Não percebo porque é que "O último a chegar é paneleiro". Na minha
juventude, pratiquei atletismo, meio-fundo, e, na grande maioria das vezes, não chegava em último. ( Presumo que os outros concorrentes eram hetero - mas, de facto, nunca se sabe ... ) Hoje, na meia-idade, faço uma horinha diária de jogging e - digo-o sem farronca - numa corridita, chegarei antes de 95% dos heteros ...

Não percebo ...

A menos que, por ser o último - o que não se deseja ser - , se lhe atribua uma qualidade que também ninguém deseja ... paneleiro.

Hic porca rabo torcet.

Nas vossas mentes, "paneleiro" é uma qualidade negativa, que - Deus nos livre! - é característica de seres desviantes, abstrusos, inclinados a práticas contra-natura, e decididamente imorais. Seja claro: o que pensais
sobre mim é-me absolutamente indiferente. Mas conheço homossexuais - sobretudo jovens - para quem o assumir da sua sexualidade é um processo
doloroso, e que em nada são ajudados pela expressão pública da homofobia. Por eles escrevo este e-mail.

Escreveríeis hino análogo com "judeu", ou "preto", ou "cigano", ou mesmo
"mulher", no lugar de "paneleiro"? Não, porque poderíeis ser acusados de anti-semitismo, ou de racismo, ou de discriminação de género. Quanto a estas discriminações/exclusões, a nossa sociedade já evoluiu o bastante
para se chocar com tais "brincadeiras". Está mais atrasadita quanto às minorias sexuais, LGBT ( = Lesbian Gay Bisexual Transgendered ), mas lá
chegará também. É lamentável que a vossa contribuição para este processo seja negativa.

Quanto à xico-espertice de retirar o termo e substituí-lo por um pi/
estrelinhas, sob o pretexto que cada um imagina o que quer, faço minhas as palavras de Cervantes sobre as gralhas: "Vós as vedes, vós as castigais".

Até aqui, esteve o cidadão-paneleiro. Mas eu também sou
cidadão-contribuinte e a Galp é uma sociedade anónima de capitais
maioritariamente públicos, e já foi uma empresa pública, que recebeu injecções do OGE. É-me insuportável a ideia que os meus impostos contribuiram para sustentar tais atitudes, pelo que enviarei cópias deste e-mail para o Instituto que gere as participações do Estado nas empresas e para a Provedoria-Geral da Justiça.

Enfim, para vos ajudar a pensar sobre estas questões, decidi deixar de me abastecer nos postos GALP. E consegui convencer a tomar a mesma atitude os meus dois filhos mais novos ( Calcule-se: um paneleiro com filhos! - O
mundo caminha para a perdição ... ), as minhas primas direitas e vári@s amig@s.

Um conselho amigo: Substituam os directores das áreas de marketing e
relações públicas - os rapazes são claramente incompetentes.

José Ribeiro.

PS: Estão autorizados a darem a este mail a divulgação que entenderem; por mim, quanto mais, melhor.

Anónimo disse...

Pode ser de só ter acordado para estas coisas de homosexualidade (isto devia escrever-se homossexualidade, n?) há pc tempo, mas confesso q me faz confusão ter q mudar de linguagem para ir de encontro ao politicamente correcto.

Ainda assim, sou sensível ao argumento de q a reprovação social implícita pode ter efeitos nefastos...

Por outro lado, era bem pior nos tempos de escola chamarem-me "caixa de óculos" (aí sim claramente de forma ofensiva, jucosa) e n me lembro de alguma vez sequer me ter passado pela cabeça protestar se visse a expressão nalgum anúncio...

Isto qd dizer "e quem n salta, é paneleiro" é, como alguém dizia, "tradição". No sentido em q qd se diz tal coisa, ng faz a ligação a homossexualidade (ou será homosexualidade?) ou o q quer q seja, é como dizer "n é da malta".

De qq modo, quem n gosta, pode sp ir abastecer a outro lado...

Fico-me na dúvida...