Se forem ali (mas voltem), poderão ler um texto sobre como lidar com as emoções, que cita o psicoterapeuta Jaime Graça Machado:
Bem disposto?
– Sempre!Também há pessoas que aprendem a suprimir e a negar os seus sentimentos através de distanciamento e insensibilização em relação a eles. Autodesligam-se dos seus sentimentos sem, contudo, terem consciência disso. Assim, quando essas pessoas são recompensadas socialmente por mascararem as suas emoções, acabam muitas vezes sentindo-se não ouvidas, alienadas, zangadas e deprimidas, sem saberem porquê. As suas vidas podem até parecer correr às mil maravilhas, mas elas sentem-se vazias, não preenchidas. Isto porque estão separadas das suas próprias emoções.
Que fazer com as emoções?
O primeiro passo na gestão das nossas próprias emoções e sentimentos é aceitá-las sem juízos de valor nem de culpabilidades. Ao aceitar as suas emoções e sentimentos está também a aceitar uma parte de si, cheia de força de viver, cheia de sabedoria sobre si próprio e sobre a qualidade das relações que estabelece com os outros, em especial de quem mais ama."
O tema é fundamental. Todos queremos ser felizes, mas às vezes é difícil gerir o que se sente. Prefiro ser cauteloso e não ter grandes certezas neste campo. Quando era miúdo barrei os sentimentos. Envergonhava-me o meu descontrolo; chorava copiosamente para me estar a rir cinco minutos depois. Excesso de empatia? Talvez, mas onde a palavra chave era excesso. Não era sustentável.
Fiz um esforço tremendo para me controlar. Tão grande que pensei ter secado a fonte dos sentimentos. Havia um turbilhão por dentro, pressentia-o, mas demasiadamente profundo para que o conseguisse sentir. Fui de um extremo ao outro. Passei de muito sensível a irritantemente perfeito, com um auto-controlo enorme e inconsciente, nalgumas áreas. De vez em quando, assomava em mim uma ponta de tristeza, insinuante, e sabia estar a viver por procuração. Mas, perdida a chave da cela onde tinha encerrado os sentimentos, já nada dependia de mim.
Acabei por pagar a factura, mais tarde. Numa fase em que a maior parte das pessoas já tinha construído a sua personalidade, uma depressão arrasou a minha. Claro que nem tudo foi abaixo, não se deixa de ser quem se foi, mas tive de reaprender a sentir, a sorrir e finalmente descobrir como lidar com os sentimentos. Foi uma oportunidade única - pude escolher, em grande parte, só de uma vez, quem e como queria ser - mas com um preço elevado. Com o tempo, aprendi a deixar fluir os sentimentos sem me permitir ser dominado por eles. Agora sei suster uma dor ou alegria dentro de mim e ir libertando-a aos poucos. Consigo abrir as portas da barragem quando necessário e apenas permitir a água esgotar-se às gotinhas quando deve ser.
É curioso, o conflito entre a razão e a emoção. Somos animais, não há como mudar isso - sentimos porque sentimos, é da nossa natureza - mas ao mesmo tempo o que nos fez subir na escala da evolução é a inteligência. Não podemos escusar-nos a usá-la, como moderação dos sentimentos, ou melhor, como doseador. Acredito sinceramente que podemos induzir em nós mesmos estados de felicidade ou estados depressivos. É preciso ser bom gestor. Deixar fluir as emoções negativas e aprofundar mais as positivas. Por essa razão, evito músicas, filmes ou livros que me possam puxar para baixo quando não me sinto seguro. Protejo-me como posso. Mas já não me impeço de sentir.
Na minha opinião, o meio termo é a melhor solução. Todos temos direito a sentir alegria, tristeza, gratidão ou mesmo raiva. Reconhecer o que se sente é necessário. Mas é preciso lidar com os sentimentos. E isso pode ser muito complicado. A nossa melhor arma, a inteligência, pode ser o nosso pior inimigo. É só uma questão de saber usar o que temos à nossa disposição. Há quem consiga instintivamente fazer a gestão dos sentimentos, mas creio que o melhor caminho é o auto-conhecimento.
Bem disposto?
– Sempre!Também há pessoas que aprendem a suprimir e a negar os seus sentimentos através de distanciamento e insensibilização em relação a eles. Autodesligam-se dos seus sentimentos sem, contudo, terem consciência disso. Assim, quando essas pessoas são recompensadas socialmente por mascararem as suas emoções, acabam muitas vezes sentindo-se não ouvidas, alienadas, zangadas e deprimidas, sem saberem porquê. As suas vidas podem até parecer correr às mil maravilhas, mas elas sentem-se vazias, não preenchidas. Isto porque estão separadas das suas próprias emoções.
Que fazer com as emoções?
O primeiro passo na gestão das nossas próprias emoções e sentimentos é aceitá-las sem juízos de valor nem de culpabilidades. Ao aceitar as suas emoções e sentimentos está também a aceitar uma parte de si, cheia de força de viver, cheia de sabedoria sobre si próprio e sobre a qualidade das relações que estabelece com os outros, em especial de quem mais ama."
O tema é fundamental. Todos queremos ser felizes, mas às vezes é difícil gerir o que se sente. Prefiro ser cauteloso e não ter grandes certezas neste campo. Quando era miúdo barrei os sentimentos. Envergonhava-me o meu descontrolo; chorava copiosamente para me estar a rir cinco minutos depois. Excesso de empatia? Talvez, mas onde a palavra chave era excesso. Não era sustentável.
Fiz um esforço tremendo para me controlar. Tão grande que pensei ter secado a fonte dos sentimentos. Havia um turbilhão por dentro, pressentia-o, mas demasiadamente profundo para que o conseguisse sentir. Fui de um extremo ao outro. Passei de muito sensível a irritantemente perfeito, com um auto-controlo enorme e inconsciente, nalgumas áreas. De vez em quando, assomava em mim uma ponta de tristeza, insinuante, e sabia estar a viver por procuração. Mas, perdida a chave da cela onde tinha encerrado os sentimentos, já nada dependia de mim.
Acabei por pagar a factura, mais tarde. Numa fase em que a maior parte das pessoas já tinha construído a sua personalidade, uma depressão arrasou a minha. Claro que nem tudo foi abaixo, não se deixa de ser quem se foi, mas tive de reaprender a sentir, a sorrir e finalmente descobrir como lidar com os sentimentos. Foi uma oportunidade única - pude escolher, em grande parte, só de uma vez, quem e como queria ser - mas com um preço elevado. Com o tempo, aprendi a deixar fluir os sentimentos sem me permitir ser dominado por eles. Agora sei suster uma dor ou alegria dentro de mim e ir libertando-a aos poucos. Consigo abrir as portas da barragem quando necessário e apenas permitir a água esgotar-se às gotinhas quando deve ser.
É curioso, o conflito entre a razão e a emoção. Somos animais, não há como mudar isso - sentimos porque sentimos, é da nossa natureza - mas ao mesmo tempo o que nos fez subir na escala da evolução é a inteligência. Não podemos escusar-nos a usá-la, como moderação dos sentimentos, ou melhor, como doseador. Acredito sinceramente que podemos induzir em nós mesmos estados de felicidade ou estados depressivos. É preciso ser bom gestor. Deixar fluir as emoções negativas e aprofundar mais as positivas. Por essa razão, evito músicas, filmes ou livros que me possam puxar para baixo quando não me sinto seguro. Protejo-me como posso. Mas já não me impeço de sentir.
Na minha opinião, o meio termo é a melhor solução. Todos temos direito a sentir alegria, tristeza, gratidão ou mesmo raiva. Reconhecer o que se sente é necessário. Mas é preciso lidar com os sentimentos. E isso pode ser muito complicado. A nossa melhor arma, a inteligência, pode ser o nosso pior inimigo. É só uma questão de saber usar o que temos à nossa disposição. Há quem consiga instintivamente fazer a gestão dos sentimentos, mas creio que o melhor caminho é o auto-conhecimento.
7 comentários:
mmmm...
Compreendo..as nossas opiniões poderão derivar da nossa experiencia de vida.
Evitar sofrer (como fugir a alguns filmes por exemplo) deriva do uso da inteligencia, ou do apurado sentir?
Sentir, sentir sempre, não nos pode levar a ser "vidros de cheiro". Da forma como o mundo é andaríamos quase sempre a chorar. O que não podemos é viver igonrando a primazia do senti como se andássemos anestesiados.
Sintamos... para o bom e para o mal...e façamos depois uso da inteligencia para nos guiar os sentidos.
Se calhar deriva também do apurado sentir. Evito alguns filmes, tal como evito acompanhar as tragédias todas que vêm na imprensa. Já me basta todos os dias passar por um mendigo e não lhe oferecer mais que um sorriso.
Concordo contigo, Miguel. Não podemos viver ignorando a primazia do sentir - muito bem dito!
Além disso ;-) em tempos tina lá escrito (http://voualiejavenho.blogspot.com/2005/12/assunto-encerrado.html) apenas o seguinte:
"Por vezes infiro que devia ser mais razão e menos paixão. Depois sinto que não."
Apenas falhei no titulo que era "ASSUNTO ENCERRADO".
;-)
Eu lembro-me dessa frase: é épica! Um monumento! :)
Um tempo atrás, a leitura do livro "Vai Onde Te Leva Coração", da conhecida escritora italiana Susanna Tamaro ajudou-me a integrar na minha vida todo esse turbilhão de complexidades de que falas no teu post. Trabalhar e saber manejar os nossos sentimentos é um campo de trabalho que nos "hipoteca" a vida toda. A condição humana é muito complicada. Somos pessoas em construção.
Fazer tudo para viver sem vergonhas (o que não significa viver sem ética), sem evasivas, admitindo erros e fracassos e assumindo sentimentos que facilmente levamos reprimidos é, sem dúvida, um caminho de superação.
A minha batalha diária... :))
Um erro crasso que muda o sentido do título do livro que citei no meu comentário anterior e que só agora me dou conta. Corrijo: "Vai Onde Te Leva O Coração"
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