Legenda: Air conditioning fixing using desenrascanço.
O dcg diz que para além da saudade, há mais uma palavra portuguesa que não se pode traduzir: desenrascanço.
Isso lembrou-me - e o Vasco Pulido Valente não me ouça! - de um texto de Clara Ferreira Alves que versava sobre uma outra palavra intraduzível: chulé. Perguntava ela qual seria a necessidade de um povo de ter uma palavra própria para o odor dos pés?
Já agora, como se dirá cunha em inglês?
4 comentários:
Creio já ter dito que detesto "psicologia nacional": cada homem é um caso.
Mas vá lá:
1) Não me pronuncio sobre o chulé: nunca pensei nisso. Vou iniciar um período de reflexão, que adivinho longo, dada a dificuldade da questão.
2) Saudade: não sei como defini-la, mas não tenho dúvidas que existe, que a experimento e que corresponde a alguma forma de lirismo e tristeza que existe nos portugueses.
3) Nos Asterixes, aparecem tipificados diversos povos europeus. Que me lembre, nós aparecemos só num ("Le domaine des Dieux"? ): um escravo baixote, bigodudo, de olhar triste e doce, que pergunta se querem que ele recite uma poesia. Não está mal.
4) Desenrascanço: Sim, temos essa qualidade. É uma forma de defesa ante a desorganização da sociedade. Não tanto de defesa ao nível de o que se faz, como de o que se sente. Se eu quisesse planificar as coisas como elas devem ser planificadas, vivendo entre estas gentes, estava em stress constante. Assim, tenho confiança em que tudo se há de resolver pelo melhor ( o que me evita o stress ), aguardo os últimos dias, e só nestes mobilizo os meus recursos - ao máximo.
5) Para mim, a nossa principal qualidade tem a ver com a capacidade de estabelecer relações de homem para homem por cima das fronteiras das diversas "tribos". Nós somos tão racistas quanto os outros povos. Mas, na presença de uma ameríndia ou negra, a concupiscência venceu as barreiras de raça muito mais facilmente que em outros. Ser menos cerebral; funcionar mais ao nível dos sentimentos; pôr de lado esquemas mentais sobre OS homens porque UM homem particular está à nossa frente - são coisas muito boas.
6) Não sou nacionalista - longe de tal! Mas gosto muito de ser português. E, embora também seja isso, não é só o "gosto perverso por bacalhau assado", de que fala o Eça.
Vai um abraço de um tuga para outro tuga, que está longe da terra dele.
ZR.
Hmmmm... Chulé não será uma palavra africana!?
ZR
Não sei se nunca te apercebeste, mas o Asterix e a sua aldeia são uma metáfora para identificar o povo luso!
"Aqueles que nem conquistam nem se deixam conquistar!
O chulé da europa!
P.S. É "wedge" ;)
E viva o povo lusitano! Com os seus defeitos e as suas qualidades. O que é certo é que todos nos quiseram e estivemos em todo o lado. A imagem está demais lol.
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