Petit, na tua idade, com a tua inteligência e com a tua maturidade, se fazes um comentário destes a brincar, tem graça (ah! ah! ah! O menino queria ser hetero! Que bonitinho! ;P), mas se o dizes a sério, é problemático. Não saindo do tom jocoso, ser gay é tão giro! É como tu disseste, uma caixinha de chocolates: um docinho atrás do outro! ;)
Essa de que os heteros têm tudo construído não me convence. Se o casal hetero não construir a coisa desmorona tão facilmente como a do casal homossexual. E olha que não estou a falar de cor.
\me, tu não tens que construir o mundo. Desculpa, mas isso é um processo que passa por uma data de gente... Estou com o Enoch! Vou só dar dois motivos p/ eu não querer ser hetero, deixo-te o mote, certamente arranjarás dois motivos no teu caso:
(1) Estou a escrever isto e a olhar para o meu colega de gabinete. Bolas! Não quero ser hetero nem que me paguem... Até fiquei com medo...
(2) Se eu fosse hetero apaixonava-me pela Tia Loira e já não era hetero outra vez!
(se eu tivesse obrigatoriamente que ter um marido comprava-lhe roupa interior feminina, isto só por si já exclui o meu colega de gabinete, ai que bom! Espero é que a Tia Loira não leia isto que ainda fica com ideias...)
E tu, \me, não tens um único motivo, assim uma razão de bolso tipificada?
1) Tornamo-nos mais respeitadores ( não escrevi "tolerantes" ) da variedade de comportamentos dos humanos.
2) Experimentamos mais a discriminação, somos mais sensíveis a ela e mais solidários para com quem a sofre.
3) Habituamo-nos a pôr em questão certas regras/convenções sociais; a discutir, à luz da razão, a sua validade.
Eu conheço, de um blog, um jovem de 25 anos, que adivinho proveniente de um meio muito conservador - e que, por ser biorgay*, tem "aberturas" insuspeitadas.
*Categoria por mim inventada, em que também me incluo; um dia explicarei porquê.
o meu "tudo" foi uma daquelas generalizações... O que queria dizer é que para os heterossexuais, a forma de se comportarem está tipificada. Há um conjunto de regras pré-definidas, socialmente aceites. De resto, totalmente de acordo: o Amor e muitas outras coisas têm de ser construídas. :)
Quando se pisa a linha para o outro lado, uma vez quebrada uma regra, que regras restam?
Enoch,
é um desabafo. Tal como uma amiga minha diz que queria ser lésbica, quando se farta de homens. :P
"Quando se pisa a linha para o outro lado,uma vez quebrada uma regra, que regras restam?"
tem um significado muito mais profundo que o do contexto em que está.
O ser biorgay dá um conhecimento vivencial, directo, de muita coisa que, de outro modo, seria conhecida em termos estrictamente intelectuais; reforça os sentimentos humanitários; inclina à contestação e à heterodoxia.
O espírito humano é terrivelmente inquieto e álacre. Daqui todos os esforços para nos formatarem e conformarem. Se o espírito se reformata a si próprio numa coisa, ganha-lhe o gosto - e começa a reformatar-se noutras.
Para muita gente, descobrir-se gay é apenas o princípio ... vai a procissão no adro.
Eu não consigo sequer imaginar-me hetero... Gostaria de ter os olhos castanhos-avelã da minha mãe. De ser mais musculado. De ter outro tipo de voz. De disfrutar de uma inteligência matemática melhor desenvolvida (Enoch's tired of having headaches while staring at numbers... ;P). E até me consigo imaginar assim! Mas não, não posso imaginar-me hetero!! Não tenho nenhum tipo de heterofobia (esta palavra existe?...), mas sinto que se fosse hetero, grande parte das características pessoais que mais aprecio em mim, não as teria. É verdade que se o fosse ter-me-ia poupado a confrontos com muita gente (sim, porque eu tive-os, com a família e não só), poderia viver a minha afectividade à plena luz do dia sem ser alvo de soslaios e sem temores, não teria de lutar pelos meus direitos mais básicos porque já os teria como assumidos (que é ao que tu te referes com "para os heteros está tudo construído", certo?)... Mas, em contrapartida, acho que perderia uma gama enorme de cores na palete das minhas emoções. O facto de termos sofrido um processo de construção identitária transversal torna-nos, de certa forma, privilegiados. E aqui remeto ao que disse o Zé Ribeiro: como qualquer grupo minoritário e perseguido, acabamos por desenvolver perspectivas muito mais ricas e abrangentes de entender o mundo e a realidade. O que não falta por aí é zombies que se limitam a seguir os trilhos traçados desde sempre sem nunca se questionarem. Nós somos diferentes!... (De repente sinto-me o Magneto dos X-Men... ups!...)
E sobretudo, Petit: se tu não fosses um chocolatinho gay, provavelmente não terias este site. E mesmo que o tivesses, EU não estaria aqui! ;) MAS MESMO QUE ESTIVESSE, tu não terias metade do interesse que tens. ponto.
quando disse que para os heteros está sempre construído, disse-o no sentido de que há "trilhos traçados desde sempre", que as pessoas podem seguir "sem nunca se questionarem".
E se concordo que "como qualquer grupo minoritário e perseguido, acabamos por [ser obrigados a] desenvolver perspectivas muito mais ricas e abrangentes de entender o mundo e a realidade."
Mas não podemos questionar tudo ao mesmo tempo, pois não? Pelo menos, nem tudo em mim está em discussão ao mesmo tempo. Há assuntos que ainda não chegou a altura certa de discutir. Há tanto em mim a optimizar... Os heteros têm a vantagem de ter menos em que pensar, desse ponto de vista. Podem colocar o piloto automático em aspectos da vida em que nós não podemos.
Mas, obviamente, se o piloto automático é bom para descansar uns minutos, acaba por não fazer o que eu quero. :)
E devo protestar! Eu dava um hetero muito interessante! :P
Se houvesse um interruptor, eu nunca o mudaria para a posição "hetero". Aliás, se fosse hetero e esse interruptor existisse, estou convencido que o mudaria para "gay"!
Admiração platónica? Não sou muito dado a platonismos ...
Pure specimen breeding? Um biorgay giro também serve.
Já uma vez, de raspão, o Tong Zhi e eu discutimos estas coisas. Conclusão rápida e comum: não somos ERROS da Natureza; somos DONS.
Como um Mozart ( de que estou a ouvir um concerto para harpa e flauta ), como um Riemann ( o Boothby jaz aberto na secretária ), nascemos com um dom especial, de nos reprogramarmos em matéria de atracção e práctica sexuais, de violarmos as fronteiras que ela propria, Natureza, estabeleceu para o uomo qualunque.
Vemos, sentimos e sabemos coisas que eles não vêm, não sentem e não sabem. Compreendemos que a sexualização das espécies é apenas uma estratégia reprodutiva, que nada tem a ver com os afectos, que são livres. Compreendemos que o que se espera de um ser humano em matéria comportamental deve ser desligado do seu sexo. Que podemos/devemos sentir, chorar e rir como as mulheres e elas como nós.
Não, por nada deste mundo - ou de outro - quero ser hetero.
Nem quero acreditar!!! Eu a falar de funções racionais e outras coisas e vocês aqui numa discussão bem mais interessante. Assim não dá!!! he he he Perco o comboio :) Mas reafirmo, com cada vez mais força, que "não somos ERROS da Natureza; somos DONS".
Desculpa mas essa história de que é mais fácil não me convence.
É certo que temos as convenções ao nosso favor, mas ter que perceber um sexo diferente do nosso para ter uma convivência harmoniosa, acredito que seja uma tarefa tão árdua quanto tentar convencer o mundo que as tais convenções não fazem sentido.
E se a vida fosse fácil, não teria piada (cliché puro mas verdadeiro ;))
Um amigo meu sente um problema incontornável por ser gay. Ele gostaria de ser pai (biológico), é um dos maiores sonhos dele e tem que conciliar com o facto de ser homossexual.
Gosh, ser hetero? A minha mae, embora me aceite quer eu seja o que for, diz que eu me forco a ser gay/bi... E ja tentei por isso cm uma possivel hipotese... e ja discuti isso com os meus amigos... E eis a resposta deles: "-Tu forças te a ser hetero, que e bem diferente!"
Bem, ate pode ser.... Mas digo te uma coisa, como o Ennoch disse, "acho que perderia uma gama enorme de cores na palete das minhas emoções", eu partilho esta opiniao! Nos nao escolhemos, e se nao temos escolha, temos ke saber ver oke ha de bom na nossa dávida, que e a vida!
Ser hetero e o q se convencionou "ser normal"... anormal e akele ke axa k isto e verdade!
Acredito q tenhas dito isto num momento de fraqueza, num dakeles dias em ke fikaste farto de te xamarem "bixa! boiola!"... ou outros nomes, ou apenas akeles olhares.. :|
Temos destes dias, e destes momentos. somos humanos, e felizmente temos sentimentos! Nunca keiras ser akilo k nao es e akilo k te torna uniko e especial, prke desejar isso, e o mesmo q desejar ser outra pessoa! as pessoas amam-te por akilo k es AGORA! :) Lembra te disso ;)
Fica bem;)
PS: para o caso de quereres saber onde xeguei ao teu blog, informo te ke foi pelo lusoboy :)
Fica bem rapaz ;D e espero nao tar a ser repetitivo no meio destes imensos comentarios! :)
Meu caro /me. Este assunto dá para falar e falar. Falar das vezes que pensei o mesmo. Que não foram poucas e, confesso, ainda continuam existir. Falar do medo de saber se seria mais feliz se não fosse o que sou. Esta é uma questão que pode fazer-nos perceber que às vezes não é o ser homossexual que provoca todos os nossos problemas. Falar da cada vez maior aceitação e do gosto de sermos assim, diferentes da maioria. Dos privilégios que isso traz, como conhecer pessoas fantásticas, sensíveis, despreconceituosas, amigas. Dá muito que falar, não dá? Abraço grande, miúdo!
Se acharem que devo, eu peço já desculpa pelas palavras, mas foi assim como que uma baboseira que o rapaz disse por distração ...
Mas o comentário dele que começa por
"Bom, para os devidos efeitos, de uma coisa sei"
é a melhor resposta ao dispautério prévio dele próprio.
Par contre ( il est fort malin ), je ne serais pas surpris s'il s'agissait d'un piège, où nous sommes tous tombés, les yeux bien ouverts.
E eu quero fazer um comentário sobre o que é um biorgay, e outro sobre como o amigo gay da madi ter bebés ( este tem que ir por mail para a madi e, vá lá, o anfitrião, que envolve a possibilidade de uma identificação indesejada ) - mas estou arrebentado. Hoje bati o meu record: mais de 54 km de marcha/corrida.
Tenham todos uma muito boa noite, preenchida com @s dos vossos sonhos.
( AinhaR: amanhã sem falta mando-te o mail. Beijinhos só para ti, que és linda. Os outros - menos a madi, que tem olhos doces - são feios, incluindo o presunçoso do anfitrião que se toma por giraço, e para terem o privilégio de um beijinho meu ainda têm que suar muitas estopinhas. )
Zé Ribeiro, para além desse comentário que referes, repara que também escrevi o primeiro de todos os comentários a este texto... Fui o primeiro a discordar de mim mesmo!
Foi um desabafo, de facto, mas que deu origem a uma discussão interessante, acho eu! E penso que é um desabafo muito comum a muitas outras pessoas...
Parabéns pelo teu record (que é impressionante)! Eu não consigo nem correr 2km, que fico à rasca dos joelhos. :P As minhas voltas são de bicicleta.
(que o anfitrião é presunçoso é verdade, agora quanto ao resto dos comentadores, garanto-te que são todos lindos!)
Zé, é bom que faças já uma errata rápida ao teu comentário e me acrescentes ao grupo dos lindos, se é que ainda tens interesse naquela "brincadeirinha" a três quando formos os dois muuuito anciãos... ;P E o terceiro elemento pode bem ser o nosso anfitrião, que por esses entonces estará definitivamente convencido e grato pela sua natureza homo - e também porque é bem lindinho!!! ;D
(Enoch's actually thinking this comment of his had better be censored...)
Enoch, o vosso anfitrião, se ainda aqui estiver quando chegar à provecta idade, estará mais que casado (optimismo, sim). Ou, na pior das hipóteses, viúvo. Caso em que estarei de luto. :P
ZR, um beijinho para ti também. 54 km depois deves estar com umas pernas... Desculpa, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça... "Blogueiros", devíamos exigir uma fotografia das pernas do Zé aqui.
O poema é lindíssimo e creio que percebo o Enoch quanto a ilustrar na perfeição coisas que ele tem dito aqui, e de que as pessoas se esquecem.
Quanto à foto das pernas, tenho uma ideia melhor: este Verão, a cavalo em Agosto/Setembro, vou dar uma volta grande; arranco da aldeia da minha mãe, na serra da Nogueira, ao pé de Bragança; corto para Oeste, seguindo pelas serras de Padrela, Barroso, Gerês, até atingir o vale do Lima, que desço até Ponte de Lima; aí, fico uns diazitos a descansar em casa de uma prima; e tomo o caminho português, até Santiago. Conto fazer 30 a 40 km por dia, o que me fará gastar ( com o descanso em casa da Maria Adelaide ) para aí uns 20 dias. Pelo caminho, tiro fotos das coisas, das pessoas e deste vosso mui humilde servo, que depois dou ao /me. Se vocês fizessem coisa parecida ( as fotos ), podíamos organizar qualquer coisa ... não sei o quê ... o animador cultural do campo de férias em que está transformado o blog que vá pensando no assunto.
( Eu, pelo menos, quando venho aqui comentar sinto-me de férias. )
( E a Maria Adelaide é casada com um bavarinho muito jeitoso; prometo-vos fotografá-lo também. )
46 comentários:
Sabe-se que alguém é muito egocêntrico (ou esquizofrénico) quando se comenta a si mesmo!
Oh, rapaz, quem não tem cão caça com gato, hehe. :P
e que gatos..... ; )
Concerteza não querias dizer o que disseste!! Foi um momento de fraqueza... a que sí?? ;)
Céus, de heteros está o inferno cheio...
Enoch, mas era tudo muito mais fácil, não era? :)
Se bem que para os heteros está tudo construído. É difícil escapar a todas as pequenas convenções...
Para os restantes (homossexuais, bis, alliens, sabe-se lá), a vida é como uma caixa de chocolates. O que quer que isso queira dizer!
Constrói-se o mundo como se pode e quer.
É bom ter essa liberdade, mas confesso ter medo de não a saber usar. Não me encolho por isso, mas acho normal, este sentimento...
Petit, na tua idade, com a tua inteligência e com a tua maturidade, se fazes um comentário destes a brincar, tem graça (ah! ah! ah! O menino queria ser hetero! Que bonitinho! ;P), mas se o dizes a sério, é problemático.
Não saindo do tom jocoso, ser gay é tão giro! É como tu disseste, uma caixinha de chocolates: um docinho atrás do outro! ;)
he he he
Eu já fui e, felizmente, curei-me!!!
Estou a brinca. Percebo onde queres chegar com o que disseste e, infelizmente, temos de concordar...
Essa de que os heteros têm tudo construído não me convence. Se o casal hetero não construir a coisa desmorona tão facilmente como a do casal homossexual. E olha que não estou a falar de cor.
\me, tu não tens que construir o mundo. Desculpa, mas isso é um processo que passa por uma data de gente... Estou com o Enoch! Vou só dar dois motivos p/ eu não querer ser hetero, deixo-te o mote, certamente arranjarás dois motivos no teu caso:
(1) Estou a escrever isto e a olhar para o meu colega de gabinete. Bolas! Não quero ser hetero nem que me paguem... Até fiquei com medo...
(2) Se eu fosse hetero apaixonava-me pela Tia Loira e já não era hetero outra vez!
(se eu tivesse obrigatoriamente que ter um marido comprava-lhe roupa interior feminina, isto só por si já exclui o meu colega de gabinete, ai que bom! Espero é que a Tia Loira não leia isto que ainda fica com ideias...)
E tu, \me, não tens um único motivo, assim uma razão de bolso tipificada?
AR
Ser minoritário sexual é muito bom:
1) Tornamo-nos mais respeitadores ( não escrevi "tolerantes" ) da variedade de comportamentos dos humanos.
2) Experimentamos mais a discriminação, somos mais sensíveis a ela e mais solidários para com quem a sofre.
3) Habituamo-nos a pôr em questão certas regras/convenções sociais; a discutir, à luz da razão, a sua validade.
Eu conheço, de um blog, um jovem de 25 anos, que adivinho proveniente de um meio muito conservador - e que, por ser biorgay*, tem "aberturas" insuspeitadas.
*Categoria por mim inventada, em que também me incluo; um dia explicarei porquê.
Abraço,
Zé Ribeiro.
Miguel,
o meu "tudo" foi uma daquelas generalizações...
O que queria dizer é que para os heterossexuais, a forma de se comportarem está tipificada. Há um conjunto de regras pré-definidas, socialmente aceites. De resto, totalmente de acordo: o Amor e muitas outras coisas têm de ser construídas. :)
Quando se pisa a linha para o outro lado, uma vez quebrada uma regra, que regras restam?
Enoch,
é um desabafo. Tal como uma amiga minha diz que queria ser lésbica, quando se farta de homens. :P
AR,
tenho as razões que o Zé Ribeiro apontou, que partilho...
E também gosto de outra coisa que o Zé Ribeiro disse antes. Uma relação entre homens, em princípio, é ou pode ser mais uma relação entre iguais.
E depois, há homens com rabos muito bem feitos, mas pronto, não vamos por aí... :P
/me:
O meu ponto é que a frase do teu comentário
"Quando se pisa a linha para o outro lado,uma vez quebrada uma regra, que regras restam?"
tem um significado muito mais profundo que o do contexto em que está.
O ser biorgay dá um conhecimento vivencial, directo, de muita coisa que, de outro modo, seria conhecida em termos estrictamente intelectuais; reforça os sentimentos humanitários; inclina à contestação e à heterodoxia.
O espírito humano é terrivelmente inquieto e álacre. Daqui todos os esforços para nos formatarem e conformarem. Se o espírito se reformata a si próprio numa coisa, ganha-lhe o gosto - e começa a reformatar-se noutras.
Para muita gente, descobrir-se gay é apenas o princípio ... vai a procissão no adro.
Um abraço amigo
Zé Ribeiro.
Não podia concordar mais com esse ponto!
"... há homens com rabos muito bem feitos, mas pronto, não vamos por aí ..."
Mas porque não? Tendo escolhido "O Beijo" do Soares dos Reis para ilustrar o post, porque não ir um pouco por aí?
O que procuro acima de tudo na tola de um homem ( ou de uma mulher ) é a doçura.
No corpo de um homem ( ou de uma mulher ) a expressividade - não necessariamente a beleza - da face e das mãos vêm antes de qualquer outra coisa.
Depois, só depois, o rabiosque no homem, os peitos na mulher. Não é uma questão de tamanho, mas sim de forma.
Quanto ao resto ... je m'en fous ou presque!
Zé Ribeiro.
Eu não consigo sequer imaginar-me hetero...
Gostaria de ter os olhos castanhos-avelã da minha mãe. De ser mais musculado. De ter outro tipo de voz. De disfrutar de uma inteligência matemática melhor desenvolvida (Enoch's tired of having headaches while staring at numbers... ;P). E até me consigo imaginar assim! Mas não, não posso imaginar-me hetero!! Não tenho nenhum tipo de heterofobia (esta palavra existe?...), mas sinto que se fosse hetero, grande parte das características pessoais que mais aprecio em mim, não as teria. É verdade que se o fosse ter-me-ia poupado a confrontos com muita gente (sim, porque eu tive-os, com a família e não só), poderia viver a minha afectividade à plena luz do dia sem ser alvo de soslaios e sem temores, não teria de lutar pelos meus direitos mais básicos porque já os teria como assumidos (que é ao que tu te referes com "para os heteros está tudo construído", certo?)... Mas, em contrapartida, acho que perderia uma gama enorme de cores na palete das minhas emoções. O facto de termos sofrido um processo de construção identitária transversal torna-nos, de certa forma, privilegiados. E aqui remeto ao que disse o Zé Ribeiro: como qualquer grupo minoritário e perseguido, acabamos por desenvolver perspectivas muito mais ricas e abrangentes de entender o mundo e a realidade. O que não falta por aí é zombies que se limitam a seguir os trilhos traçados desde sempre sem nunca se questionarem. Nós somos diferentes!... (De repente sinto-me o Magneto dos X-Men... ups!...)
E sobretudo, Petit: se tu não fosses um chocolatinho gay, provavelmente não terias este site. E mesmo que o tivesses, EU não estaria aqui! ;) MAS MESMO QUE ESTIVESSE, tu não terias metade do interesse que tens. ponto.
Enoch,
quando disse que para os heteros está sempre construído, disse-o no sentido de que há "trilhos traçados desde sempre", que as pessoas podem seguir "sem nunca se questionarem".
E se concordo que "como qualquer grupo minoritário e perseguido, acabamos por [ser obrigados a] desenvolver perspectivas muito mais ricas e abrangentes de entender o mundo e a realidade."
Mas não podemos questionar tudo ao mesmo tempo, pois não? Pelo menos, nem tudo em mim está em discussão ao mesmo tempo. Há assuntos que ainda não chegou a altura certa de discutir. Há tanto em mim a optimizar... Os heteros têm a vantagem de ter menos em que pensar, desse ponto de vista. Podem colocar o piloto automático em aspectos da vida em que nós não podemos.
Mas, obviamente, se o piloto automático é bom para descansar uns minutos, acaba por não fazer o que eu quero. :)
E devo protestar! Eu dava um hetero muito interessante! :P
Entendo!
Ser diferente faz de nós pessoas melhores? Penso que sim. Torna as coisas mais fáceis? Penso que não.
Isto generalizando... Coisa que eu detesto fazer.
Se houvesse um interruptor, eu nunca o mudaria para a posição "hetero". Aliás, se fosse hetero e esse interruptor existisse, estou convencido que o mudaria para "gay"!
/me:
Concordo asolutamente com o Enoch e discordo absolutamente de ti: Se fosses hetero, não terias metade da piada que tens.
Serias em muita coisa sensaborão, resignado, conformado, conservador e duro.
ZR.
ZR,
concedo... Mas ainda seria giro. :P
Ah! Isso é o tipo de informação que nós, fiéis leitores da tua página, AINDA não podemos confirmar! Mas já vai sendo tempo, que te parece?
;)
Eu tb tentei ser hetero. Não deu. Não sei bem o que sou, mas sei que hetero, definitely not... Seria mais fácil, mas ainda bem que não.
E para que serve um hetero giro?
Admiração platónica? Não sou muito dado a platonismos ...
Pure specimen breeding? Um biorgay giro também serve.
Já uma vez, de raspão, o Tong Zhi e eu discutimos estas coisas. Conclusão rápida e comum: não somos ERROS da Natureza; somos DONS.
Como um Mozart ( de que estou a ouvir um concerto para harpa e flauta ), como um Riemann ( o Boothby jaz aberto na secretária ), nascemos com um dom especial, de nos reprogramarmos em matéria de atracção e práctica sexuais, de violarmos as fronteiras que ela propria, Natureza, estabeleceu para o uomo qualunque.
Vemos, sentimos e sabemos coisas que eles não vêm, não sentem e não sabem. Compreendemos que a sexualização das espécies é apenas uma estratégia reprodutiva, que nada tem a ver com os afectos, que são livres. Compreendemos que o que se espera de um ser humano em matéria comportamental deve ser desligado do seu sexo. Que podemos/devemos sentir, chorar e rir como as mulheres e elas como nós.
Não, por nada deste mundo - ou de outro - quero ser hetero.
Zé Ribeiro.
aequilibrium: És biorgay.
ZR.
Bom, para os devidos efeitos, de uma coisa sei: Se eu fosse hetero, eu não seria eu.
Mas se um outro eu fosse hetero, ele teria a vida bem mais simplificada. Mas não necessariamente mais feliz, ou mais útil para os demais.
Eu acredito em fazermos o melhor do que temos. E dado que, como diz o ZR, sou biorgay (???), então hei-de ser o melhor biorgay que conseguir ser.
Nem quero acreditar!!!
Eu a falar de funções racionais e outras coisas e vocês aqui numa discussão bem mais interessante.
Assim não dá!!! he he he
Perco o comboio :)
Mas reafirmo, com cada vez mais força, que "não somos ERROS da Natureza; somos DONS".
Mas porque querias ser hetero?
Desculpa mas essa história de que é mais fácil não me convence.
É certo que temos as convenções ao nosso favor, mas ter que perceber um sexo diferente do nosso para ter uma convivência harmoniosa, acredito que seja uma tarefa tão árdua quanto tentar convencer o mundo que as tais convenções não fazem sentido.
E se a vida fosse fácil, não teria piada (cliché puro mas verdadeiro ;))
Um amigo meu sente um problema incontornável por ser gay. Ele gostaria de ser pai (biológico), é um dos maiores sonhos dele e tem que conciliar com o facto de ser homossexual.
madi:
O problema do teu amigo é real - mas não é impossível de resolver.
ZR.
Não é impossível, mas é difícil, não?
Arranja uma amiga que queira ser mãe?
Como fazer com a educação da criança?
É como se se quisesse começar uma família já divorciado. À partida, já se sabe que vai ter que se dividir o tempo entre pai e mãe...
/me,
Aceitas o comentário e não me respondes?
Respondo sim, Madi. Mas estava a ganhar um bocado de fôlego, que hoje o dia não está a correr de feição, e tenho dificuldade em pensar nestas coisas.
"The grass is always greener on the other side".
Não sei se é mais difícil perceber alguém do sexo oposto que alguém do mesmo sexo. Talvez o Zé Ribeiro possa responder a isso.
Quando fiz este desabafo, estava cansado. Todos gostamos de ser aceites...
Gosh, ser hetero?
A minha mae, embora me aceite quer eu seja o que for, diz que eu me forco a ser gay/bi...
E ja tentei por isso cm uma possivel hipotese... e ja discuti isso com os meus amigos... E eis a resposta deles:
"-Tu forças te a ser hetero, que e bem diferente!"
Bem, ate pode ser.... Mas digo te uma coisa, como o Ennoch disse, "acho que perderia uma gama enorme de cores na palete das minhas emoções", eu partilho esta opiniao! Nos nao escolhemos, e se nao temos escolha, temos ke saber ver oke ha de bom na nossa dávida, que e a vida!
Ser hetero e o q se convencionou "ser normal"... anormal e akele ke axa k isto e verdade!
Acredito q tenhas dito isto num momento de fraqueza, num dakeles dias em ke fikaste farto de te xamarem "bixa! boiola!"... ou outros nomes, ou apenas akeles olhares.. :|
Temos destes dias, e destes momentos. somos humanos, e felizmente temos sentimentos! Nunca keiras ser akilo k nao es e akilo k te torna uniko e especial, prke desejar isso, e o mesmo q desejar ser outra pessoa! as pessoas amam-te por akilo k es AGORA! :) Lembra te disso ;)
Fica bem;)
PS: para o caso de quereres saber onde xeguei ao teu blog, informo te ke foi pelo lusoboy :)
Fica bem rapaz ;D e espero nao tar a ser repetitivo no meio destes imensos comentarios! :)
-* dANNy *-,
De facto, não faz grande sentido eu dizer isto, porque se fosse hetero não era eu.
Obrigado pelo teu comentário simpático. :)
Um abraço!
PS: Chegaste a este blog por uma excelente porta de entrada! ;)
Meu caro /me.
Este assunto dá para falar e falar.
Falar das vezes que pensei o mesmo. Que não foram poucas e, confesso, ainda continuam existir.
Falar do medo de saber se seria mais feliz se não fosse o que sou. Esta é uma questão que pode fazer-nos perceber que às vezes não é o ser homossexual que provoca todos os nossos problemas.
Falar da cada vez maior aceitação e do gosto de sermos assim, diferentes da maioria. Dos privilégios que isso traz, como conhecer pessoas fantásticas, sensíveis, despreconceituosas, amigas.
Dá muito que falar, não dá?
Abraço grande, miúdo!
Se acharem que devo, eu peço já desculpa pelas palavras, mas foi assim como que uma baboseira que o rapaz disse por distração ...
Mas o comentário dele que começa por
"Bom, para os devidos efeitos, de uma coisa sei"
é a melhor resposta ao dispautério prévio dele próprio.
Par contre ( il est fort malin ), je ne serais pas surpris s'il s'agissait d'un piège, où nous sommes tous tombés, les yeux bien ouverts.
E eu quero fazer um comentário sobre o que é um biorgay, e outro sobre como o amigo gay da madi ter bebés ( este tem que ir por mail para a madi e, vá lá, o anfitrião, que envolve a possibilidade de uma identificação indesejada ) - mas estou arrebentado. Hoje bati o meu record: mais de 54 km de marcha/corrida.
Tenham todos uma muito boa noite, preenchida com @s dos vossos sonhos.
( AinhaR: amanhã sem falta mando-te o mail. Beijinhos só para ti, que és linda. Os outros - menos a madi, que tem olhos doces - são feios, incluindo o presunçoso do anfitrião que se toma por giraço, e para terem o privilégio de um beijinho meu ainda têm que suar muitas estopinhas. )
( Yupi! Estou tão contente!!! )
Zé Ribeiro.
Zé Ribeiro, para além desse comentário que referes, repara que também escrevi o primeiro de todos os comentários a este texto... Fui o primeiro a discordar de mim mesmo!
Foi um desabafo, de facto, mas que deu origem a uma discussão interessante, acho eu! E penso que é um desabafo muito comum a muitas outras pessoas...
Parabéns pelo teu record (que é impressionante)! Eu não consigo nem correr 2km, que fico à rasca dos joelhos. :P As minhas voltas são de bicicleta.
(que o anfitrião é presunçoso é verdade, agora quanto ao resto dos comentadores, garanto-te que são todos lindos!)
Zé, é bom que faças já uma errata rápida ao teu comentário e me acrescentes ao grupo dos lindos, se é que ainda tens interesse naquela "brincadeirinha" a três quando formos os dois muuuito anciãos... ;P
E o terceiro elemento pode bem ser o nosso anfitrião, que por esses entonces estará definitivamente convencido e grato pela sua natureza homo - e também porque é bem lindinho!!! ;D
(Enoch's actually thinking this comment of his had better be censored...)
Enoch, o vosso anfitrião, se ainda aqui estiver quando chegar à provecta idade, estará mais que casado (optimismo, sim). Ou, na pior das hipóteses, viúvo. Caso em que estarei de luto. :P
Tereis que arranjar outra pessoa. :P
\me, deixa-me pf usar um bocadinho de espaço!
ZR, um beijinho para ti também. 54 km depois deves estar com umas pernas... Desculpa, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça... "Blogueiros", devíamos exigir uma fotografia das pernas do Zé aqui.
AR
Enoch: Correcção feita.
/me: Nós depois convencemos-te.
AinhaR: Vou pensar na fotografia das perninhas.
Tia Loira: Não há nada que iguale a sensação de ser pai; ajudá-los a abrirem-se e depois ... a partirem.
ZR.
Muito obrigado, rama, por este poema! Ilustra na perfeição algumas das coisas que já tentei descrever aqui.
Vês, Minudinho? É assim... :)
Enoch
AR, já pedi ao Zé que enviasse uma foto das pernas. A ver vamos se o faz. :P
Tia Loira, também quero ser pai. ;)
rama, muito obrigado! Poema muito lindo!
Enoch, minudinho? :D
Este é o comentário #50! Não tenho direito a prémio?
(ah pois é, sou o "anfitrião"... quanto muito dou-me prémio a mim mesmo)
O poema é lindíssimo e creio que percebo o Enoch quanto a ilustrar na perfeição coisas que ele tem dito aqui, e de que as pessoas se esquecem.
Quanto à foto das pernas, tenho uma ideia melhor: este Verão, a cavalo em Agosto/Setembro, vou dar uma volta grande; arranco da aldeia da minha mãe, na serra da Nogueira, ao pé de Bragança; corto para Oeste, seguindo pelas serras de Padrela, Barroso, Gerês, até atingir o vale do Lima, que desço até Ponte de Lima; aí, fico uns diazitos a descansar em casa de uma prima; e tomo o caminho português, até Santiago. Conto fazer 30 a 40 km por dia, o que me fará gastar ( com o descanso em casa da Maria Adelaide ) para aí uns 20 dias. Pelo caminho, tiro fotos das coisas, das pessoas e deste vosso mui humilde servo, que depois dou ao /me. Se vocês fizessem coisa parecida ( as fotos ), podíamos organizar qualquer coisa ... não sei o quê ... o animador cultural do campo de férias em que está transformado o blog que vá pensando no assunto.
( Eu, pelo menos, quando venho aqui comentar sinto-me de férias. )
( E a Maria Adelaide é casada com um bavarinho muito jeitoso; prometo-vos fotografá-lo também. )
ZR.
"o animador cultural do campo de férias em que está transformado o blog que vá pensando no assunto" :D
eheh aceitam-se sugestões!
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