30.3.06

Aritmética da paixão

Decidi-me calcular a percentagem de homens namoráveis na área da Grande Lisboa (a título de exemplo), onde vivem aproximadamente 3 milhões de pessoas.

Destas, cerca de metade (1.5 milhões) serão homens.

- Três em cem destes homens serão homossexuais/bissexuais e suficientemente assumidos perante eles mesmos, o que perfaz um total de 45 mil pessoas.

- Se quinze em cada cem for de uma idade (no sentido lato) compatível com a minha, restam 6750.

- Retire-se os oitenta por cento que andam no engate - ficam 1350.

- Três em dez hão-de atrair-me fisicamente: 405.

- Destes, um em cinco são compatíveis comigo psicologicamente: 81.

- Finalmente, com todas estas qualidades, com cerca de metade, ou seja 40, é possível que eu sinta o tal click.

- Mas, claro, uma boa parte destes estarão já comprometidos.


Onde estarão os restantes 20?

15 comentários:

Anónimo disse...

Quando eu os descobrir, aviso-te... :_(

LeGourmet disse...

Isso deixa os do grande Porto fora de jogo....

Agora a sério. Três é um número muito baixo. Eu inclino-me mais para oito a dez por cento, o que implicaria haver cerca de 150.000 gays, 22.500 na faixa etária, 4.500 "com boas intenções", 1.350 que te poderiam atrair, 270 compatíveis e 135 clickáveis.

E isto porque falas dessa zona. Se falasses aqui da boazona,oops, boa zona, a percentagem de clickáveis subiria seguramente para o dobro! Se considerarmos viverem por aqui metade das pessoas que vivem na grande Lisboa, terias mais 135 clickáveis ;)

Convenhamos que a amostra não é assim tão parca!

Mikael disse...

Tens sempre outras cidades e outros países. Não concentres as buscas só a Lisboa :P

Abraço

Anónimo disse...

Eu diria que apenas 1 em cada 10 te atrairia fisicamente (e não 3/10), e que 4 em cada 5 seriam compatíveis psicologicamente contigo (ao invés de 1/5). É que suspeito que por teres mencionado o factor físico antes do factor psicológico, ainda que irrelevante em termos de resultado final (se considerarmos a conjunção de todos os requisitos sob um e lógico), estás a revelar, inconscientemente, a primazia que dás a esse factor. O que normalmente traz associada grande exigência na escolha e, assim, só um número muito reduzido de candidatos satisfaria a condição. Por outro lado, a percentagem de pessoas que colocaria o físico na lista, logo antes da personalidade, é bem elevada, pelo que encontrarias facilmente pessoas com opiniões iguais à tua, logo uma identificação com maior percentagem de candidatos. Daí a sugestão de subir o segundo factor.
Depois, a divisão paritária entre homens e mulheres é irrealista. Devias consultar um censo oficial e verificar se o teu universo inicial é maior ou menor que o pressuposto. Os 20 finais poderiam, na realidade, ser 200. Ou apenas 2. Mas isso não seria problema, já que este cálculo foi feito apenas para o universo masculino e, admitindo, por hipótese, que eras bissexual, tinhas sempre o complemento feminino para equilibrar o resultado.
E calculo que, tendo ficado pelo «click», não entras a fundo noutros requisitos fundamentais numa relação. Aí suspeito que ficarias com fracções de pessoas.

Eu sugeria que mudasses o tópico:

«Finalmente [...], com cerca de [...], é possível que eu sinta o tal click.»

para o topo da lista e que transformasses o e lógico num else para uso em última instância. É que se vires bem, independentemente de todos os factores que consigas enumerar, tudo começa com um click. E muitas vezes, até, contra tudo aquilo que temos como exigências pré-estabelecidas.

Mas isto era a Aritmética da Paixão e não a Aritmética do Amor, pelo que não tenho nada a apontar.

:)

PS: também me baseei em probabilidades subjectivas para escrever este comentário.

Chef Alexandre disse...

Se há mais mulheres que homens, em Portugal, na região de Lisboa e em quase todo o mundo, como é que num universo de 3 milhões de pessoas, metade são homens?

Anónimo disse...

eu acho que devem estar (certamente) com a tal boa parte que já está comprometida! :)

adorei este post :))

(pronto, eu confesso: adoro a maior parte deles (todos), mas ando mesmo sem tempo para comentar tudo. o que quer dizer, e isto sem pretensões de bajular, que adoro tanto e venho cá ler tudo a toda a hora).

e agora, a parte séria (acho que ando sem sentido de humor), um beijinho *

Nobody's Bitcho disse...

gostei do post. acaba, de certa forma, por ser cómico. PRincipalmente se formos a ver que moras algures na Holanda ^^ xD

abraços, rapaz :)

dcg disse...

lol
Começo logo a rir-me pela manhã. :D
Ainda há pouco falava dste assunto com alguém.
3 em 10 atraem-te fisicamente? És exigente. Mas acho bem.
80% anda no engate. Talvez, se não for mais.
A compatibilidade psicológica para mim é o factor mais complicado. A beleza aos olhos de quem gosta aparece, nem que seja tarde. Agora os feitios e estilos de vida. Isso já não é fácil.
Quanto à comparação com o Porto, não esquecer que não há 3 milhões como em Lisboa. Talvez 2 e pouco. Pelo menos isto no tempo em que eu estudava Geografia. :)
Mais uma vez parabéns menino /me pela originalidade do post.

/me disse...

aequillibrium, agradeço-te! O problema é que suponho que eles "andem" espalhados por aí. Mas boa sorte para encontrares um dos teu 20.

Queer Gourmet, Grande Lisboa foi dada como exemplo. Também poderia ter falado do Grande Porto, mas é uma realidade que não conheço tão bem. E, psicologicamente, acho-me mais próximo de Lisboa que do Porto, apesar de estar algures a meio caminho (um dia hei-de explicar isto, se me ocorrer). Talvez os números que indicas sejam mais correctos, mas repara, quantos realmente se assumem, perante si mesmos, e aceitam as consequências que daí advêm? Há que excluir os que têm incapacidade total para fazer isso. Mas gosto do teu optimismo! :D

Luman Riche, a mim basta-me um! :D

Mindful, sabes, por fruto da minha educação, as minhas omissões são geralmente apenas isso: omissões. Querer ler o que estas dizem é geralmente um erro. É o que digo, e não o que deixo por dizer, que conta. :P
Claro que os números que disse foram atirados ao ar, estou somente a tentar ter alguma piada (but hey, you can't blame a guy for trying!).
Acho mais honesto usar o crivo da atracção física primeiro. Primeiro fazem-se as escolhas mais superficiais (porém, importantes) e depois vai-se ao mais profundo. Assim como assim, a atracção psicológica é algo que vai sendo descoberto. A física, consegues saber à partida se há potencial, embora aí também não seja linear.
É natural começar pela física, porque é mais imediata.

Chef Alexandre, cerca de, cerca de. :P

Milocas, um beijinho grande para ti também! Gostava de saber quantos homens são, para ti, namoráveis, na Grande Lisboa ou noutra área qualquer. :)

[n0b0dYsBItCh0], as contas no caso da Holanda são mais simples. A percentagem dos que andam no engate (ou são tremendamente liberais, para os meus padrões) ronda os 100%. Os que são compatíveis comigo psicologicamente ronda os 0%. :)

dcg, sim, sou exigente, também, em termos de físico. Mas esse é um campo muito subjectivo, e nada linear. :)
E já fui menos exigente, mas agora tenho uma atitude de "ou vale a pena, a todos os níveis, ou prefiro esperar".
Pois, a compatibilidade psicológica é difícil. Mesmo.

Anónimo disse...

Só mais uma sugestão: 50% de comprometidos também é irrealista. Diria que a percentagem de pessoas verdadeiramente comprometidas andará na relação inversa das que andam no engate. Se excluíres as comprometidas! e as que andam no engate, sobram-te cerca de 2.5% livres de parceiro e sem intenções ulteriores. Se considerares que uma relação entre pessoas não verdadeiramente comprometidas tem uma longevidade que decai ao cubo, a cada momento existirão uns 10% de novos-livres a somar aos 2.5%. Claro que desses, cerca de 1/3 terá culpa no rompimento da relação, pelo que não é recomendável, logo apenas 6.66%.
Meu amigo, contenta-te com 6.66% + 2.5% = 9.2%. Ou seja, aproximadamente 2 pessoas. Seu bígamo!

:)

/me disse...

Mindful, a esse respeito, o meu pai costuma contar uma anedota da qual não me lembro muito bem, mas que tentarei reproduzir:

Dois amigos estavam a conversar. Um pergunta ao outro:
- Que farias se estivesses em África e fosses atacado por um leão?
- Ora, dava-lhe um tiro.
O amigo que tinha feito a pergunta fica silencioso por um bocado, mas volta à carga:
- E se não tivesses uma arma?
- Defendia-me com um pau.
De novo, silêncio.
- E se não tivesses um pau?
- Fogo, tu és meu amigo ou és amigo do leão?

Anónimo disse...

Tenho uma vigilância às 1730, só notas soltas:

1) Acho 3% baixo. Homos+bis assumidos internamente ( tu dizes "perante eles mesmos" ) deve andar por 9%: são os que se declaram nos inquéritos confidenciais.

2) A idade. 15% corresponde, grosso modo, a um intervalo de semi-amplitude 5 anos centrado na idade do "predador", de modo a evitar "presas" demasiado tenrinhas ou já ressequidas. É compreensível, mas, se eu fizesse estas contas, punha 100%. Três razões: i) O primeiro homem que verdadeiramente amei - e que me deu ano e meio de felicidade - tinha vinte e tal anos mais que eu. ii) No sentido contrário, tenho uma cena marcada com o Enoch, que poderá ser o início de uma relação duradoura, e ele tem vinte e tal anos menos que eu. iii) Como O Queer Gourmet explicará, com leitões e anhos por desmamar, bem como com cabras e galos velhos e relhos, fazem-se maravilhas - é tudo uma questão de Ciência Culinária.

3) Não consigo descortinar qualquer razão para excluir quem anda no engate. Sei que, para ti, a actividade sexual deve ser Corolário de Axiomas e Teoremas de Moral e que não consegues deduzir o engate no quadro da tua teoria. Mas há a possibildade da conversão: um tipo, ao conhecer-te, vê a "luz" e abandona essas abominações.

4) Atração física. Seria de esperar menos exigência no quadro da tua teoria ... Aprés tout, para o entendimento das almas é pouco importante. Reconforta ver la bonne chair en train de faire surface.

5) Compatibildade psicológica é algo que não me atrevo a exigir. Penso na minha mais longa relação, com uma mulher: Eu sou brincalhão e gozão, excepto nas coisas sérias; ela estilo Carmelita-Descalça-na-Adoração-Perpétua-do-Santíssimo, excepto nas coisas importantes, em que é aérea. E funcionou bem por 25 anos!

6) O click. Absolutamente imprevisível. Inclusivé passa por cima de todas as restrições que puseste atrás. Podes vir a apaixonares-te por um dolescente da Margem Sul, punk, slut and swinger; ou por um velhadas, envolto em flanelas, bibliotecário na tua alma mater, e mesário da Ordem Terceira de São Francisco. Não há qualquer regra. E o mesmo se diz com a amplificação e modulação do click, conhecidas por "amor".

7) Os comprometidos. Enfim, um ponto em que estamos de acordo!

/meinho: Tu és um tipo giríssimo e tããão querido! As tuas tentativas ( um pouco ansiosas ) de racionalizares estas coisas e de as pores em acordo com a tua moral merecem-me todo o respeito e toda a admiração - mas não a concordância. Just be free.

Lembro-me de um poema hai-kai que julgo aplicar-se:

Il est très difficile
D'attraper un chat noire
Dans une pièce sombre.
Surtout,
S'il n'y est pas.

Pitorrinho: um abraço sentido.

ZR.

/me disse...

palmira, pouco jeito para números, muito jeito para Amor? :)

ZR, não vou comentar tudo o que disseste, porque o meu texto original era a brincar. :p

1) é só um número :P
2) ora, todos nós temos imagens pré-definidas da pessoa que queremos para a nossa vida. Eu quero alguém com idade próxima da minha. Mas, claro, a vida dá voltas. ;)
3) pois, tem mesmo de renunciar aos seus hábitos de engate para todo o sempre. :P
4) nunca iria namorar com alguém que não me desse vontade de beijar. E nisso sou esquisito...
5) compatibilidade psicológica não significa que sejam duas pessoas iguais. Apenas duas pessoas que se entendem.
6) certíssimo.
7) ainda bem. :P

Eu sou giríssimo? :P Isso é wishfull thinking. ;)
Querido? Bah, há-os aos montes.
Eu não estava a tentar racionalizar o Amor, estava a brincar. :p
E soubesses tu porque comecei a fazer estas contas... :D

Anónimo disse...

Zé_inhoR, como sabes AR vive com menina com mais vinte anos do que AR, já vai no dobro do tempo da felicidade. Acho que AR nunca olharia para menina mais nova... Excepto, a Mauresmo, a jogadorazinha de ténis imberbe(?).

Concordo plenamente contigo no ponto (2)i, podes incluír-me no mesmo ponto alínea ii) caso eu tenha um fetiche hetero lá para os meus 80 anos... Mas não conto com isso, com 80 anos, se lá chegar, poderei meter-me com as enfermeiras novinhas do lar de terceira idade... Conto andar com uma bengala e divertir-me bastante...

Quanto à alínea iii) do mesmo ponto, recuso-me a falar da minha vida privada. Ah!Ah!Ah!

Ponto (3) AR não era santa antes de casar...

Pontos (4) e (5) acho que influenciam bastante uma relação duradoura. É muito bom olharmos para a pessoa com quem vivemos, alguns anos depois e pensarmos "que tia más guay!". Eu quem me tira um palminho de cara e um corpinho "Olé"... Isto influência o ponto (6)...

beijos (muitos)
A_inhaR

Anónimo disse...

AiiiinhaR:

Já marquei na agenda para daqui a 50 anos ( 50 = 80-30 ), com um asterisco que remete para uma nota de pé de página: "encontro sujeito a fetiche hetero".

Yupi!! Tenho uma agenda tão preenchida!

ZR.