15.3.06

Fazer a diferença



Eu gostava de mudar o mundo...

Um amigo disse-me que apenas me posso mudar a mim mesmo. Seja. Então, no mínimo, posso mudar somente o meu próprio mundo. Mas, se este incluir duas pessoas, já é uma a mais que eu.

Os pessimistas dirão ser uma gota no oceano; eu prefiro pensar na versão positiva da borboleta a bater as asas no outro lado do planeta.

13 comentários:

Anónimo disse...

Concordo contigo. Pequenos actos podem originar grandes mudanças.
Muitas vezes a atitude de "mudar mundo", e perante a imensidão da tarefa - irrealizavel- apenas conduz à desistência de alguma coisa fazer.
É a versão lusa dos pequenos passos, que parece estar a resultar...
Ou como se diz " grau a grão enche a galinha o papo"

A.

Anónimo disse...

1) Em princípio, sou materialista, no sentido que julgo que são as condições materiais de vida dos homens que determinam as suas concepções do mundo, ideias, ideologia, etc. Não é o que pensamos que determina como vivemos.

Mas isto só se aplica ao nível macroscópico: grandes grupos humanos, grandes períodos de tempo.

Ao nível microscópico, num grupo humano pequenino, numa vida humana, a acção de um de nós pode ser muito importante e fazer a diferença entre vidas bem e mal vividas.

Neste sentido, que um homem tenha a ambição de "mudar o mundo" não é um disparate; é uma ambição legítima.

2) Quando o teu mundo tiver 2 + f ( f = nº de /meinhos ), e estiveres cheio de vontade de mudá-lo, recorda o belo poema da Rama. Também se aplica aos filhos, mutatis mutandis. Julgo que no ritual do baptismo há uma prece dos pais/padrinhos que é qualquer coisa como: "Fazei, Senhor, que ele/ela cresça segundo a sua vocação - e não segundo os nossos desejos". Até te podem sair heteros ... como aconteceu com os meus dois mais velhos. ( O terceiro tem 15 anos, aguardo para ver. )

3) Usa-se e abusa-se da imagem da borboleta! Se o sistema for instável, qualquer pequenina perturbação pode conduzir, a prazo, a grandes alterações. Mas estas são imprevisíveis e podem ser bem indesejáveis. Podias esforçar-te à brava, no teu âmbito, por melhorar o mundo - e, em consequência, ele sair muito pior!

'braço,
ZR.

( Como é que, no corpo de um comentário, se faz um bold? )

/me disse...

ZR, mas a verdade é mesmo essa... Às vezes esforças-te à brava para melhorar o mundo e este acaba por sair muito pior. Mas pode ser que seja aplicável o princípio do Máximo, e condições de fronteira positivas impliquem que a solução também será positiva (nesta metáfora, as condições de fronteira são aquelas que criamos).
Resta ter esperança. :)

Para fazer o teu nome em bold, escreves < b > ZR < / b >, mas sem espaços. :)

Anónimo disse...

Obrigado, ( vamos ver se consigo ) /me ( parece que consegui! ).

Mas nada garante que o mundo das acções e suas consequências seja governado por equações elípticas e parabólicas de 2ª ordem.

( Sabes que só há pouco tempo é que me apercebi que o Princípio do Máximo não se aplica a equações elípticas e parabólicas de outras ordens? E é óbvio, se pensarmos em soluções clássicas; mas eu, deformação de formação, penso sempre em soluções fracas ... )

ZR.

/me disse...

Boa, conseguiste!!! :D
Mas, amigo, a minha Fé "obriga-me" a acreditar que o princípio do máximo se aplica à vida.

Até porque nenhum de nós é uma solução clássica...
:P

De qualquer modo, já se sabe, não temos acesso às equações. Há que criar modelos e ir fazendo testes e melhorando. Nos entretantos, discretiza-se e faz-se o que se pode. O que estamos a fazer aqui, a racionalizar, nesta metáfora será tentar estudar as propriedades analíticas da solução? Tem a sua utilidade (que não é pouca!), mas já se sabe, de pouco serve provar a unicidade mas não conseguir encontrar sequer uma aproximação.

Na ciência como na vida, o ideal é quando a teoria ajuda a prática e vice-versa.

Pronto, vou-me calar. :P

/me disse...

Ainda não! Acrescento mais uma coisa. Por natureza, nós procuramos as equações! Para isso, quer queiramos quer não, precisamos de leis, de axiomas. É importante ser flexíveis neste campo, se a natureza nos mostrar que estamos errados. E depois ainda há a questão dos conceitos primitivos.

E agora sim, calo-me. :P Suspeito que me vão cair uns quantos matemáticos em cima. :p

Anónimo disse...

Quando estou em Madrid vou naquele comboio. Quando estou em Madrid, em Março, vou naquele comboio. O meu segundo nome começa por M mas eu não tenho 11 dedos nas duas mãos, tenho 10. Talvez nas profundezas do efeito de Lorenz haja um ditador universal das regras. Naquele dia eu não estava naquele comboio. Se calhar era cedo demais para eu estar naquele comboio. A Ana que eu conheço não sabe do efeito de Lorenz, não sabe do Newton, tem filhos e naquele dia ela adormeceu, o despertador não tocou. Não foi naquele comboio. Ficou triste, chegou tarde ao emprego. Só viu as notícias mais tarde. O efeito borboleta para a Ana chegou com o atraso do relógio. O mesmo que a ofendeu quando abriu os olhos e viu que era tarde. Eu vivo com a patroa da Ana e a patroa da Ana ficou chateada porque ela chegou tarde naquele dia. Só viu as notícias mais tarde. A Ana vai trabalhar todos os dias na mesma direcção à mesma hora.

O meu mundo é classicista, os objectos caem no sentido do centro da Terra e isso eu não posso mudar. Ainda bem que às vezes adormeço e não ouço o despertador. Por causa da Ana, às vezes agora até faço de propósito. Às vezes não mudamos o mundo, ele muda-nos a nós.

“O poeta é igual ao príncipe das nuvens \ Que se ri do arqueiro e afronta a tempestade” (Baudelaire) , eu não me rio do arqueiro mas também não sou poeta.

Um beijinho, \me
AR

Anónimo disse...

Não, não creio que algum te caia em cima.

Talvez haja contudo uma ligeira diferença: "É importante ser flexíveis neste campo, se a natureza nos mostrar que estamos errados" não seria dito por muitos matemáticos. Eles gostam de pensar que, na ciência deles, só interessa a estruturação interna da teoria, quero dizer: a potência ( para fins dedutivos ) dos axiomas, a adequação ( para os mesmos fins ) dos termos primitivos e das definições. São formalistas, na maioria. Eu sou formal/funcionalista, que explicarei mais tarde. Por exemplo, numa matéria tão abstracta e fundacional como a Teoria dos Conjuntos, acho que a escolha entre diversas axiomáticas alternativas acabará por ser feita pelas consequências ... para a Física, mais que para a estruturação interna da Matemática. Portanto, subscrevo a tua afirmação. Mas nota que não sou um matemático típico: fiz Engenharia antes e entrei na Matemática pela Análise Numérica.

De resto, subscrevo tudo o que disseste - com a excepção da "Fé" me obrigar a acreditar que o princípio do máximo se aplica à vida. Eu também acho que sim, que se aplica; mas mais por convicção, que por "Fé". Ou então, entendemos por "Fé" coisas diferentes.

ZR.

Anónimo disse...

Eu acredito que te podes melhorar a ti mesmo mas também que podes ajudar a melhorar o teu entorno -- quanto mais não seja, o segundo pode ser resultado do primeiro!
"Uma decisão mínima, considerada insignificante, tomada com plena espontaneidade, pode gerar uma transformação inesperada num futuro incerto." Talvez, mesmo sem saberes, independentemente da tua vontade ou da tua consciência, já estejas a fazer pequeninas, microscópicas mudanças no mundo, tornando-o melhor. Senão, repara nisto: neste teu forum encontramo-nos gente de toda a parte de Portugal, de Espanha e da Holanda -- pelo menos! Todos reflectimos, partilhamos ideias, e voltamos no dia seguinte para mais discussões. Isto, para ti, pode não implicar um grande esforço, mas graças a ti estabelece-se uma comunhão da qual nenhum dos implicados sai, creio, indiferente ou incólume.
Sou, portanto, partidário da gotinha no oceano. Um milhão de gotinhas como a tua já representa um volume considerável...

Beijos,
Enoch

Anónimo disse...

Eu limito-me a fazer e agir da forma que acho/sinto mais correcta. E tenho esperança... que isso melhore o meu mundo, e o dos outros. E ambos precisam...

caminante disse...

Caro amigo: ama, pon amor en lo que haces cada día, sonríe siempre, acoge, anima, da un buen consejo... son cosas pequeñas. Que te cambian y hacen cambiar.
Es en el corazón de cada uno es donde el mundo cambia. Porque el mundo es la suma de corazones. De corazones que aman o de corazones que odian. No lo olvides, cada vez que un hombre mejora, mejora el mundo. Sólo al final de la historia sabremos cómo y en qué sentido ayudamos a cambiar el mundo. Te invito a ver ua película, tal vez de los años cuncuenta: "Qué bello es vivir".
Un fortísimo abrazo.

Miguel disse...

Se cuidares do teu jardim, não terão os vizinhos vontade de tratar do deles?
As flores que dele saem, não podem ir para outros vasos e ou outros jardins?
O nosso mal, é querer começar por arranjar o quintal do vizinho, descurando o nosso.

Manuel disse...

Tu já mudas o mundo, mesmo sem dar por isso...
Näo vale a pena fazeres planos, porque o furacäo que podes desencadear do outro lado do mundo, nunca o poderás controlar. Lembra-te: o teu dever é, apenas e só, continuar a bater as asas...