27.3.06

História

Segundo John Boswell, uma diferença significativa entre homossexuais e outras comunidades perseguidas em determinados períodos históricos, como os judeus ou os negros, é que os primeiros não têm história.

Em comunidades bem definidas e identificadas, é de esperar que os conhecimentos passem de pais para filhos. É fácil para um judeu ter consciência histórica. Quanto aos homossexuais, vivendo isoladamente e não em guetos, geralmente a história começa no seu nascimento. Não há noção do que aconteceu antes, de como noutras culturas e noutros locais se viveu a diferença de orientação sexual.

Se hoje começa a haver estudos sobre a história da homossexualidade, não é menos verdade que a transmissão de conhecimentos sobre a mesma não assenta numa lógica de convivência natural entre várias gerações. Creio que este tem sido e é um factor facilitador da homofobia, e potenciador de muito sofrimento.

Personalizando a conversa, a certa altura da minha vida senti a necessidade de saber o que sentiam os outros que eram como eu. Como lidavam com a sua sexualidade. O que pensavam. A necessidade, premente, foi saciada pela internet. Não fosse a mesma, e ter-me-ia sentido imensamente só. Não faço ideia como teria evoluído a minha personalidade, ou quão longe teria chegado o meu conhecimento próprio.

Como era antes da Internet? Como é que as pessoas se conheciam, a si mesmas e às outras, como se relacionavam? Que expectativas tinham? Que condicionantes? É curioso, tento ler sobre o que se passava na Grécia antiga e noutras culturas e tempos, mas não tenho grande ideia sobre as vivências de quem hoje tem 35, 50 ou 65 anos.

Deixo assim as seguintes perguntas a quem quiser responder (comentando, ou por e-mail, ou ainda nos respectivos blogs):

1- Fazes ideia sobre como é que pessoas de gerações anteriores à tua descobriram e viveram a sua sexualidade? Sou só eu o ignorante nesses assuntos?

2- Como descobriste tu a tua sexualidade? Como lidaste com ela, perante ti mesmo? Como reagiram os que te rodeavam?


Desculpem, ando um bocado repetitivo.

A ver noutros blogs: dcg, zibl (uma partilha a não perder!!!).

24 comentários:

Anónimo disse...

Tu dizes ser gay ou bi... Mais curioso do que descobrir se és gay ou não, não creio que isso seja importante ou difícil porque sabes muito bem o que sentes, é descobrir porque és gay ou não és, ou porque és bi ou não. Isto é, o que torna um gay diferente de um heterossexual? O que será? Afinal, será que uma pessoa descobre se é judía ou cristã? Afinal, o que nos andam a esconder? Teremos nós uma identidade própria ou, respondemos sempre na qualidade de máquinas estúpidas de aprender que julgam ser universais ou ainda como máquinas biológicas que não se escolhem a si mesmas mas que partilham um pouco da história das que lhe deram origem? Afinal, será que a natureza possui mecanismos de defesa ocultos ao nosso conhecimento? Confesso que não entendo muitas coisas, mas, olhando para o nosso planeta, parece-me ser um sistema relativamente estável, o próprio sistema da vida também parece. Não serão os gays apenas os "anticorpos" ao crescimento desenfreado da população? Começo a concluir exactamente isso. Aliás, sem saber arriscaria a dizer que um dos teus pais é gay ( e não conseguiu ganhar a batalha psico-social ou simplesmente viu que a vida dele só fazia sentido com descendência (mas este sentido já seria por si só algo racional e não sentido...) ), ou se não for, quase de certeza não terá irmãos machos ou terá poucos ( tlv 1 máx ); por outro lado tu terás em principio 1 ou 2 irmãos machos ( em principio, hetero ) mas não mais. Portanto, se és gay és capaz de ter mais do que 2 irmãos machos heterossexuais(?) (nesse caso o teu pai não é gay, ou é e a tua mãe é muito feminina) e apenas 1 se o teu pai é gay (ou se não for a tua mãe é um bocado arrapazada ). Ainda por outro lado, se és bi, então, tens 1 irmão hetero, o teu pai é gay e a tua mãe é muito feminina ou o teu pai é hetero e a tua mãe arrapazada (prov gay). O motivo de dizer estas trapalhadas todas é muito simples, os gays são necessários para a diminuição da população humana (os preservativos tb assim como o planeamento familiar) que cada vez consome mais recursos (digamos que de 100 em 100 anos, a população renova-se) assim, estamos a falar de 4 gerações, portanto uma perda de,em média, 16 pessoas por cada gay na renovação e se 10% da população é gay e desempenhar o seu papel isto dá resultados fantásticos e o ambiente agradece. Por isso, vivam os gays!

Assim, mais interessante que essas perguntas, seria: "quantos dos teus pais são gays?" ou "se és gay, quantos irmãos machos tens?"

/me disse...

Confesso que também pensei, e penso, na possibilidade da homossexualidade (sentido lato) ser uma forma de controlo populacional, por parte da natureza.

Assim sendo, suprimir a homossexualidade seria... anti-natura. :p

Mas, claro, já havia homossexualidade em alturas em que a sobrevivência da espécie-tribo dependia também do número de guerreiros da tribo.

Por outro lado, parece haver estatísticas que indicam que os irmãos mais novos têm maior probabilidade de sair homossexuais.

Eu acho a questão do porquê da homossexualidade muito interessante, mas não lhe sei responder, nem me parece que vá ser respondida tão cedo. :)

Anónimo disse...

Os irmãos mais novos têm > prob de sair homossexuais pq o cromossoma y gera uma proteína que provoca a produção de testosterona e o ser que aloja o embrião (ser feminino) produz pouca testosterona logo vê tudo o que o y provoca como um ataque ao seu organismo. Assim, gera "anti corpos" para combater a produção de testosterona aquando da gestação do 1º filho macho. Aquando da gestação do 2º filho macho já o organismo do ser incubador já terá anticorpos a evitarem a produção de testosterona e o 2º e posterioes filhos serão sujeitos a apenas reduzidas quantidades de testosterona no útero e saem gays ou bis!
bop, afinal a ciência é uma m.rda, andam os gays todos contentes sem saberem que são mulheres/homens incompletas

Anónimo disse...

correcção: não são homens/mulheres incompletos, mas sim indefinidos. Melhor, afinal somos todos mulheres, umas mais do que outras...(?!?) . Somos.

Anónimo disse...

Ah, se fosse assim tão simples, tão biológico-hormonal, ou tão demográfico-teleológico - não tinha a piada que tem ...

Deve ser muita coisa junta, mas cada vez mais me inclino para uma condição necessária congénita, provavelmente genética. A transformação da condição de necessária em suficiente é, para mim, um mistério.

Mas insujo-me contra a afirmação do Anonymous que somos incompletos! O tanas!

Esta noite tenho tempo e vou deitar-me no divã de psiquiatra que o /me nos oferece.

Até logo,
ZR.

/me disse...

Anonymous, antes de mais, peço que no futuro identifiques de alguma forma as tuas participações, assinando com iniciais ou com um nick, ou como desejares. Não tens de o fazer, claro, mas torna o diálogo mais fácil. :)

O que queres dizer com homens ou mulheres indefinidos? Eu cá se há coisa que tenho a certeza é que sou homem. ;)

Joanissima disse...

Eu ainda estou a descobrir a minha sexualidade... felizmente!!
Odiaria sentir que não há mais nada a descobrir... : )

Bom dia. Um grande beijo.

Tongzhi disse...

Neste momento não tenho hipótese de escrever algo de bem refletido sobre o desafio que me deixaste.
Posso, contudo, adiantar que não tive qualquer problema ou conflito com a minha opção sexual. Ela apareceu em dois momentos da minha vida e aceitei-a agindo em conformidade com ela...
Mas eu depois, prometo, explico melhor!

Goldmundo disse...

Confesso a minha total ignorância, mas não percebi nada da explicação do anonimo. Entao e a mulher homosexual? também são as hormonas a falar?

Anónimo disse...

A verdade é esta, já estou aqui há 35 min a tentar escrever algo que explique o que queria eu dizer com "homens ou mulheres indefinidos", mas acontece que cheguei a uma conclusão de certa forma assustadora e até um bocado transversal ao tema, mas da qual eu já suspeitava: sou um preguiçoso do caraças ou então estúpido! Das duas uma é certamente verdade, ou até as duas. Bah!

Ass: O usuário anónimo.

/me disse...

Gostei da assinatura. :P

LeGourmet disse...

Olá /me. Obrigado pelo convite a participar!

Eu sempre tive atracção pelos coleguinhas, pelos balneários após as aulas de educação física, etc. No entanto, achava que era uma coisa só física e que não era gay...Quando me apercebi que não era bem assim, não me foi difícil interiorizar a situação.
Devo dizer que a minha irmã se apercebeu que eu seria gay mesmo antes de eu ter a certeza disso...(mas essa é outra história)
Quanto ao busílis da questão, que é o facto de te atormentares pelo facto de seres gay, digo honestamente que acho um aspecto totalmente secundário na minha vida (e na dos outros).
É muitíssimo mais importante o carácter, a simpatia, o sentido de humor, o companheirismo, a personalidade do que pensar-se "com quem será que el@ dorme?". Isso só pode interessar a quem possa ter algum interesse nesse campo....

Anónimo disse...

Tá tudo doido.... :)

Eu acho que cada um é como é e pronto. A diversidade faz parte da vida e é uma das coisas que a torna bela. Tentar enquadrar gays, lesbicas, bis e etcs tudo no mesmo pacote não dá. Há gays machos, há gays menos machos, há autênticas bichonas, há heteros que são autênticas bichonas, há heteros machões, há lesbicas masculinizadas, há lesbicas muito femininas, nos bi então a confusão é ainda maior. É complicado tentar encontrar algo que consiga simplificar tal confusão. Pra uma tão grande variedade, só uma grande quantidade de factores.
Se fosse possivel e tivessemos vários gajos, gémeos verdadeiros, no mesmo ambiente, com as mesmas experiências de vida, com tudo, tudo igual, creio que alguns deles sairiam 'diferentes'... é um feeling claro, não o posso provar.
Por isso há que aceitar a diversidade. :)

Anónimo disse...

Aequilibrium:

Há estudos sobre gémeos homozigóticos que mostram uma muito alta correlação entre orientações sexuais - mas inferior a 100%.

Não é só o stock genético, não é só o ambiente hormonal no ventre materno, não é só a educação, ... Tudo isso conta e conta muito - mas não é tudo.

É um problema apaixonante.

Pessoalmente, desde muito, muito pequeno ( oito, nove? ), que não tenho dúvidas sobre como sou. Não me lembro de alguma vez as ter tido. Até aos, digamos, vinte anos, passei agruras a tentar reprimir a componente homo, de modo a não desgostar a família. Mas, internamente, não tinha dúvidas nem problemas. Espero ter tempo para voltar a isto.

ZR.

Vítor Mácula disse...

Caro /me e restantes.

Bem, eu tenho um amigo que aos 17 anos assumiu publicamente no pequeno burgo aldeão ou quase onde nasceu e cresceu e, para além de muitos outros problemas, o seu pai, ainda hoje passados largos anos… não fala com ele nem quer vê-lo.

Ele já não mora no burgo tendo emigrado para outro… et pour cause.

Por razões pessoais (ou sexuais;) não tenho estória minha tão estapafúrdia. Mas tenho uma curiosa. Tenho um amigo, com quem sempre que saio, sobretudo em burgos pequenos (isto é um pouco cretino, mais urbano menos urbano, mas passa-se que neste caso se passa mesmo assim) nos tomam por namorados. O que é estranhíssimo, porque não o somos de todo (quero dizer, sexualmente, porque isto da palavra “namorar”… era o que me faltava não poder amar e viver o amor dos amigos…:) Ora não conseguimos perceber mesmo do que é… Mistérios da sentimentalidade invisível duma amizade profunda?...

Diz o Philippe Djiann que a amizade está sempre à beira do erotismo… O que é verdade, mas caramba… Aliás, o mais imbecil nisto é: mas que raio temos nós que ter como prioridade definir se a pessoa se deita com X ou com XY ou com não-X?...

Abraço.

/me disse...

O usuário anónimo, como te compreendo. Eu também sou preguiçoso. ;)

Queer Gourmet, concordo que a sexualidade de uma pessoa não é o fundamental. Tal como não é a sua religião, cultura ou raça. "At the end of the day", (eca!) o que conta é, como dizes, o seu carácter! :)

aequillibrium, concordo! Está tudo doido! Muito provavelmente, como diz o ZR, o ser-se heterossexual/homossexual/bissexual/extraterrestre/whatever depende de uma panóplia de factores, e não apenas de um qualquer factor definível e identificável.

Vítor Mácula, tenho uma confissão a fazer: nalguns aspectos, não sei onde acaba uma amizade e começa uma relação de outro tipo. Ou, sequer, se os limites são estanques ou se os diversos modos de relacionamento funcionam num contínuo.

Anónimo disse...

A homossexualidade é própria da natureza humana. Porque existe? Faz parte do mistério da vida...
teorias há muitas, a maioria delas pseudo-ciêntíficas.
Outra coisa é a sua descoberta, a descoberta da sexualidade, dos afectos. E a sua relação com os diversos contextos culturais e sociológicos. E é aí, que se deve colocar toda a discussão. Penso eu....

A.

/me disse...

Bom, mal parece se eu não respondo às minhas próprias perguntas. :)

1- Tenho lido e gosto de saber como foi vivida e encarada a diferença de orientação sexual (!) noutras épocas. Porém, não sei muito sobre o que se passava há vinte ou trinta anos. Tenho alguns amigos mais velhos, sobre os quais cheguei a falar sobre o assunto, mas é difícil aprender muito, não se tendo vivido as situações concretas.

2- Eu fui descobrindo a minha sexualidade, e aprendendo a lidar com ela. Foi faseado. Primeiro reconheci-a, e só depois a aceitei. Não me sinto confortável com nenhuma "label", nem homo, nem hetero, nem bi. De resto, sempre fui um bocado "diferente dos outros meninos", mas creio que isso não tinha muito a ver com este assunto.

Anónimo disse...

Eu só sei que sempre fui diferente. Nunca me senti 'normal' (detesto esta palavra).
Sempre soube como era, mas tive algumas dificuldades em aceitá-lo.
Tive uma relação com uma rapariga, por quem era completamente apaixonado, que me deu com os pés.
Foram alguns anos de sofrimento depois disso, sem a conseguir esquecer.
Mas nunca consegui deixar de olhar prós rapazes...
Depois uns quantos namoricos.
Depois o primeiro namorado. Surgiu de forma natural, só os amigos mais próximos se aperceberam e aceitaram com naturalidade. Começaram os comentários sobres determinados atributos masculinos com algumas amigas 'então, este marchava contigo?', ou, 'ainda bem que n temos o mesmo gosto de homens, eu ficava com este e tu com aquele.' :) Foi um período de abertura, e foi bom ter amigos com quem finalmente falar.

Mas essa relação acabou. Começou então um limbo que se mantém até hoje.
A família nem sonha (acho eu, se calhar até desconfiam), e no trabalho tb não.

Mas eis que novas oportunidades se aproximam, e penso que existe uma pequena luz ao fundo do tunel... o J.? talvez... :)))

LeGourmet disse...

eu?.... ;)

Vítor Mácula disse...

/me, claro, também me parece... tratam-se de sentimentos, disposições, pulsões, sonhos, tensões... É sempre uma relação entre dois mundos conscientes e infindos... Duas pessoas, mais várias... E as decisões vão-se configurando, e configurando o fluir da vida... Mas o meu caramba tem mais que ver com a redução precisamente dessa vida singular e imensa que cada um é, em categorias genéricas de sexualidade ou whathever. A obsessão que há em definir e situar socio-culturalmente a pessoa a partir de identidades colectivas, conceitos. É uma inversão violenta do contacto humano, quando eu tomo as características gerais de alguém para definir o que ela é, quando isso se torna o meio de a entender e lhe dar sentido, dizer o que ela é... Ver alguém através da sua sexualidade, da sua religião, da sua profissão... é cegar o contacto. É o inverso que nos dá a pessoa – ver essas características gerais suas a partir dos seus olhos singulares, da pessoa, do outro, realmente e próprio. Se tentarmos ver o que o outro vê, começamos a apreendê-lo. Porque é isso que somos, cada qual um único e singular ponto de vista e vida. É impossível esta apreensão, é certo, mas é bem o que o canto do amor proclama.

É por isso que é tão violento e despersonalizante a conversa da homossexualidade como carácter essencial – para nos ficarmos no teor do post. No fundo e na inteireza, as essências nunca são gerais. No one here has your past… um bom rapaz, este Neil Young ;)

O pai desse meu amigo, não está a ver o filho, está a negá-lo por sua própria identidade, do pai. Está fechado a ele, sózinho e não em relação, na sua negação do outro, negação essa que pretende auto-afirmar-se.
E esses bacanos que obsessiva e ao primeiro olhar tentam determinar a sexualidade do outro – e para o caso tanto faz se acertam (acertam em quê?:) ou não – pensam definir assim o campo da sua própria sexualidade. É por demais sabida, esta conversa, não é... até já pode vir num filme da TVI ;)

E não sei se é impressão minha, mas sinto na mui famosa e mal nomeada multiculturalidade, que este tipo de ilusão de reenforço identitário – se intensifica. Ou então é porque vivo evidentemente (?;) agora, e que a ressinto no pelo. E evidentemente, não só com a identidade sexual... e nem só num campo ou noutro... aliás, não se mostra logo a falácia no próprio modo de ser enunciado?... Mas onde é que saber o desejo sexual de alguém por um ou outro sexo ou nenhum, qual a actividade profissional, religiosa etc, nos dá a identidade da pessoa?... Nunca as ciências sociais e humanas serão existenciais. Um romance talvez, ao tentar criar as personagens singularmente... Mas isso seria outra conversa... (E evidente que as CSH são brilhantes no seu campo, mas não nos dão outro nenhum nunca, tão só representações das relações sociais e culturais...)

E claro que ao falar dessa redução existencial me refiro ao pai do meu amigo e aos bacanos machos (ou gay pride, tanto faz), e não ao teu post... que me parece precisamente o tal inverso, tentares mostrar-te e deixar os outros mostrarem-se...

Abraçum polissexual!

PS: Para não parecer a mais ou menos incautos olhos que esteja a esconder seja o que for, diga-se que estou com o coração enoivado por uma rapariga (correspondidamente, yes! :) mas e então?... Nunca me apaixonei consciente e sexualmente por um rapaz, mas que significa isso senão isso mesmo?... E tive muitos arrufos com rapazes... quero dizer, onde é que começa a sexualidade?... Não sei se me estou a fazer entender… O corpo humano, de ambos os géneros, é esplendoroso; e cada um e uma, uma vida inteira por contar e descobrir e partilhar e alegrar e sofrer… rosmaninhos que o resto!...

PS 2: Desculpa lá esta longa verborreia que se apresenta toda pretensiosa e complicada ;) Sou um pouco nhurro, não sei a maioria das vezes falar doutro modo. Nem sei se se o pode dizer de outro modo... O mundo, é um lugar estranho.

/me disse...

Vítor Mácula, gostei muito muito de te ler. :)

Concordo contigo, reduzir uma pessoa a um reduzidíssimo conjunto de etiquetas, ou querer que encaixem todos em determinadas categorias, é terrível. Claro, a nossa mente é limitada, teremos sempre de simplificar, generalizar, e não estamos sempre dispostos a conhecer a pessoa para depois a entendermos. A partir de certa altura, invertemos o esquema: começamos a entender a pessoa a partir do que conhecemos. O processo é que não pode nunca parar aí, não podemos ficar com as estruturas mentais assim tão rígidas.

E pronto, estou a repetir-te, e não o conseguirei dizer de um modo tão bonito como tu o fizeste!

Abraço grande!

PS: Era o que mais faltava que se partisse do pressuposto que para fazeres o comentário que fizeste tivesses de ter algum historial (ou presente) de atracção por pessoas do mesmo sexo.

PS2: Gostei mesmo de te ler. :)

Goldmundo disse...

/me, tinha uma data de coisas a dizer. Agora tenho pouco tempo, vou só falar de uma (que não responde às tuas questões ;) mas que me ocorre ao ler o diálogo com o vitor mácula):

Tenho tido a sorte de, ao longo dos anos, conhecer mulheres (recordo-me de repente de quatro, que se não conhecem entre si que eu saiba) que me explicam, como se fosse a coisa mais evidente do mundo, que a "orientação" - em sentido "exclusivo" - é, apenas, uma das mil formas do racismo. Curiosamente nunca tive a oportunidade de encontrar um homem que o dissesse, ou que o dissesse conhecendo-o eu o suficiente para saber se estamos a falar a sério.

Nunca soube o que pensar dessa diferença.

(aliás, um dos comentadores aqui, salvo erro, postou sobre isso ha pouco tempo. Não me lembro quem)

A partir daí, a minha questão (que não é apenas teórica!) é a seguinte: "Há", ou não, uma diferença de identidade entre o masculino e o feminino? Identidade essa tão profundamente imersa em nós que é nas mulheres (onde o "feminino" se pode manifestar mais facilmente, para além de barreiras psico-sociais) o sexo (como "identidade") facilmente passa para "característica secundária" e o sexo (como "manifestação") facilmente... emerge? Enquanto que nos homens (suportes físicos da "identidade masculina", seja isso o que for), a "identidade" é essencial?

Dito de forma exagerada mas mais simples (ou mais bruta): a "amizade" que (repito, independentemente de "barreiras", "traumas", etc) não tem razão para acabar na cama, a "amizade" que se basta com a contemplação/união do espírito, é afinal um invejável (ou lamentável?) privilégio dos "homens" (leia-se "masculinos")??

Hum.

Acho que não fui nada claro. Tenho que cá voltar com mais tempo :)

Gostei imenso do texto da Zibl, que linkaste.

Abraço.

/me disse...

zibl, gostei muito muito do que escreveste. Recomendo a todos que leiam!

Tia Loira, não é análise estatística. :) É partilha. ;) Obrigado!

Aequillibrium, o J.? Hmmm, vou morder a língua e impedir-me de perguntar quem é. :D Boa sorte. ;)

Goldmundo, fico de olhos arregalados, não faço ideia como responder! Mas penso que sim, que há essa diferença de identidade que referes. Mas é-me difícil não confundir os conceitos todos, ao pensar nisso.