Num conjunto de entrevistas a Joseph Ratzinger, na altura Cardeal, pode-se ler:
- Também aqui [houve] uma "mutação cultural", ou, mais ainda, [uma] "mutação antropológica", sobretudo entre os jovens, "cujo sentido acústico foi corrompido e degenerado, a partir dos anos 60, pela música rock e outros produtos semelhantes".
E na página seguinte:
- Um teólogo que não ame a arte, a poesia, a música, a natureza, pode ser perigoso.
- Também aqui [houve] uma "mutação cultural", ou, mais ainda, [uma] "mutação antropológica", sobretudo entre os jovens, "cujo sentido acústico foi corrompido e degenerado, a partir dos anos 60, pela música rock e outros produtos semelhantes".
E na página seguinte:
- Um teólogo que não ame a arte, a poesia, a música, a natureza, pode ser perigoso.
8 comentários:
Por minha penitência o digo: Já pensei e já disse e já polemizei e já defendi à l'outrance posição semelhante à de Ratzinger sobre a música popular de hoje.
Foi preciso que o meu filho do meio, o Gonçalo, com muita paciência - absolutamente inesperável de um filho para um pai e nesta matéria - me abrisse os ouvidos e a mente.
Moral 1: Como digo aos meus filhos: "Nunca esqueçam: ATÉ o vosso pai pode ter defeitos".
Moral 2: Se Ratzinger tivesse filhos, talvez tivesse recebido a "luz". Logo: os padres devem poder casar e ter filhos.
Só mais uma opinião, que é mazinha, mas corresponde ao que penso: Os teólogos podem ser SEMPRE perigosos, mesmo amando a arte, a música, os passarinhos, ...
ZR.
contraditorio...
Olá,
Com a segunda parte até concordo... Eu até escreveria assim:
"Uma pessoa que não ame a arte, a poesia, a música, a natureza, pode ser perigosa"...
Caro Zé Ribeiro: Sim, os teólogos podem ser sempre perigosos, tanto como os filósofos, sociólogos, antropólogos, historiadores ou qualquer outro intelectual... Como podem ser geniais!
passei por aqui e agradou-me bastante o conteudo do blog. passarei mais vezes. ricardo
Encontrar lógica nos discursos de papas, políticos,... e até mesmo padres pode ser um exercício estéril. É que às vezes dizemos coisas que não tem, de facto, uma lógica interna, um fio condutor.. Mas, claro está, quando se trata de figuras de relevo, como é o caso de um Papa, então já deveria haver um cuidado redobrado.
Manuel:
É um pouquinho diferente ... um teólogo não é comparável aos outros intelectuais que indicaste ... talvez sim a um profissional de Teoria da Literatura a tentar "explicar" poemas ... é diferente, vês?
Eu sei que há teólogos que passam a vida a tentar desapertar a tarracha que os outros apertaram; e, como não sou ingrato, estou-lhes agradecido. Mas subsiste o problema de fundo: há "coisas" em que o intelecto - ou pelo menos o intelecto que julga que compreendeu e que sabe - é um empecilho.
Quem te diz isto é um tipo que adora pensar, inclusive sobre essas "coisas"; mas nunca me passaria pela cabeça dizer "é assim"; muito menos, adoptar uma atitude magistral e explicar às pessoas como é.
Um abraço,
Zé Ribeiro.
Alguém que possui uma formação musical profunda no canto gregoriano e polifónico, e na música clássica; alguém que adquiriu essa formação antes do aparecimento do fenómeno da música rock e afins; não admira que se mostre desiludido com a cultura musical dos jovens de hoje, e algo imcapaz de apreender a qualidade e o valor dos estilos musicais mais recentes.
É como alguém que esteja habituado e seja um conhecedor da gastronomia regional portuguesa: dificilmente deixará de achar que os mcdonalds são um atentado ao bom-gosto. E, no entanto, não falta gente a frequentar tais paragens...
Ou como um verdadeiro apreciador de vinhos que desdenha dos que se dedicam unicamente a beber cerveja industrial: percebe-se a indignação, embora gostos não se discutam, e seja verdade que também existem cervejas de qualidade...
Ah, mas é essa precisamente a questão: quem julga assim a música popular de hoje revela dupla ignorância:
i) Ignora que as formas de arte são transitórias, que aquilo que se chama "Música Clássica" está morto - do ponto de vista da composição, entenda-se.
ii) Ignora toda a riqueza da MP de hoje. ( Pudera! Não a ouve! )
Eu podia dar o número de telemóvel do Gonçalo ao Ratzinger ... e metia uma cunha ao meu filho ...
Bentinho: é uma oportunidade a não perderes!
ZR.
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