12.3.06

Pedofilia

Quando era miúdo, lembro-me de adultos que me deixavam desconfortáveis. Era algo intuitivo, que não entendia, mas que me fazia receá-los. A forma como estranhos me olhavam, as atitudes de um determinado professor, alguns gestos ansiosamente amigáveis por parte desta ou daquela pessoa confundiam-me.

Aos 11 anos, uma abordagem explícita - mas mal sucedida - perturbou um pouco a minha inocência. Apesar de ter entendido o que se passou, não quis ou não pude pensar sobre isso, deixando as perguntas para mais tarde. Quando chegou a altura de me perceber a mim, falando com outras pessoas, cheguei à conclusão que a percentagem de pessoas vítimas de pedofilia, consumada ou tentada, é enorme.

Agora que olho para o passado, interrogo-me se esses adultos que me deixavam desconfortáveis seriam também pedófilos, ou se se sentiriam atraídos por crianças/adolescentes. Seria a minha imaginação delirante, ou o mundo é mesmo um local perigosíssimo para os mais novos?

20 comentários:

Mikael disse...

Para início de semana vem logo um tema pesado. Em que há muitos tabus e esconde-esconde. Pode ser que no meio bloguístico em que (muitos) casos a identidade permanece obscurecida se faça alguma luz.
Depois de uma reflexão apercebi-me que se calhar fui um dos privilegiados ao qual nunca ocorreram esse tipo de episódios. E nem sequer quero fazer o exercício mental de imaginar se teria alterado a pessoa que sou. Porque acho que seria redutor dizer que a essência de uma pessoa pode ser abalada de forma tão cabal por tal episódio, se bem que acredito que tal também é possível.

Quanto ao clima de desconfiança ao olhar para o passado...sinceramente acho que se deve ao mediatismo (em alguns casos exagerado) que se tem dado ao caso da Casa Pia. [custa-me ver exposta a vida de tantos miúdos em horário nobre... ou noutro qualquer, já agora]. O mundo pode ser perigoso, mas é-o mais quando passamos a desconfiar de tudo e de todos.

Abraço de admiração pela coragem do post!

Anónimo disse...

Infelizmente os maus tratos a crianças são muito vulgares, O caso da casa pia é só a ponta do iceberg do problema... O resto escondido acontece nos meios intra-familiares ou próximos e no sexo feminino.

É necessário muita coragem para o revelar e enfrentar.

O mundo é mesmo um local perigoso para os mais novos.
Basta ver as diversas estatísticas...

António

/me disse...

Mikael, a minha desconfiança precedia o caso Casa Pia... Mas concordo quando dizes que o mundo é mais perigoso quando "quando passamos a desconfiar de tudo e de todos".

Aliás, isso é uma posição que tenho perante a vida: prefiro ser enganado 9 vezes em 10 que ser injusto para uma pessoa 1 vez. E como os números até estarão mais ao contrário que assim, vale a pena confiar nos outros (embora cautelas e caldos de galinha nunca prejudiquem ninguém).

Quanto aos estragos que uma situação destas possa causar, não sei dizer. Nunca consegui perceber. Penso que depende das suas dimensões e da pessoa.

António, é chocante, mesmo!

Anónimo disse...

\me, boa semana! O Mikael tem razão, vem logo um tema pesado no inicio da semana.

Uma das coisas que me prendeu a atenção no teu comentário foi a dicotomia criança/adolescente. Achas que existe uma barreira, um limiar qualquer para a permissão? Achas que há de facto uma altura em que se perde a inocência e começa a permissão?

AR

/me disse...

AR, admito que é um tema um bocado duro logo para 2ª feira... Mas não há nenhum dia em que seja agradável discutir isto.

A dicotomia em que reparaste não foi propositada. Não te sei responder... Eu não penso que as crianças sejam assexuadas, nem que exista uma altura definida onde percam a sua inocência. Mas parece-me que existe uma altura em que a consciência das crianças relativamente ao sexo desperta. Por outro lado, acho que isso não se traduz em que estas permitam seja o que for, numa situação de abuso; poderão é percepcionar o que se passa de forma diferente.
Não sei mesmo responder-te, até porque não sei definir o que é uma criança e o que é um adolescente, e não conheço a evolução que têm a nível sexual.

Este é um assunto em que me custa falar. Não quero ficar-me pelo politicamente correcto, mas não quero dizer nada que de qualquer modo "despenalize" moralmente a pedofilia.

Manuel disse...

Creio que näo devemos dramatizar nem exagerar. O mundo contém certo perigo para todos os que nele habitam. Mas a maioria das crianças näo säo abusadas e a maioria esmagadora dos adultos näo säo abusadores.
Há hoje uma hipersensibilidade a estes temas. É bom para contrariar uma certa tolerância cultural que antes existia. Mas näo podemos contribuir para gerar um estado de suspeita permanente que, esse sim, nos pode amargurar a vida.

/me disse...

Obrigado, Tia Loira... Não é de facto fácil falar na primeira pessoa do singular, mas pode fazer a diferença. A tua coragem é comovente.

Também eu eliminei o episódio da minha memória, até um dia sentir necessidade de o compreender. Intuo que isso mostra quão perturbante pode ser para uma criança ser submetida a algo para o qual não está minimamente preparada.

Não acho que te tenhas enrolado nada no teu comentário, pelo contrário, foste claríssimo...

Obrigado!

/me disse...

Manuel, de acordo! Hoje em dia, quase não se pode fazer uma festinha a uma criança e dizer-lhe que é bonita...

Mas penso que o meu texto não dramatiza nem exagera, antes interroga. Procuro o justo equilíbrio. :)

Anónimo disse...

Bom:

0) Seria por estar rodeado de adultos exemplares, seria por eles terem cagaço do que poderia acontecer, seria por eu ser menino/criança desprovido de sex-appeal ... fosse pelo que fosse, não tenho qualquer experiência pessoal na matéria.

1) Julgo que o Código Penal Português estabelece os 12 anos como a fronteira entre dois crimes: Relações sexuais com crianças/Relações sexuais com adolescentes. Para este último crime, o limite superior é 16 anos ( relações hetero ) ou 18 anos ( relações homo ). Esta diferenciação, 16/18, é claramente inconstitucional. Como de costume, o Supremo Tribunal de Justiça mostrou que é uma instituição saudosa dos tempos passados e manteve a validade da norma. Foi preciso que uma juíza de primeira instância, nos Açores, se recusasse a aplicar a lei, invocando a inconstitucionalidade evidente, para que o Tribunal Constitucional se pronunciasse, confirmando o ponto de vista da juíza. O CP vai ser revisto este ano e essa discriminação desaparecerá.

2) Não me parece evidente que sexo entre os 12 e os 16 deva ser um ilícito criminal. Se dois jovens de 14 anos vão para a cama, há aí algo necessariamente errado? A meu ver não. No CP há - embora as idades impeçam a imputabilidade criminal.

3) O mesmo digo se um dos intervenientes já tem mais de 16 anos, ou 18. Não me incomoda, a priori, que um jovem de 14 anos tenha relações sexuais com um adulto.

4) Correndo o risco de vos escandalizar, afirmo até que existem pessoas que são perfeitamente capazes de se autodeterminarem sexualmente antes dos 12 anos. Concordo com o limite de 12 imposto no CP e, portanto, concordo com a definição legal de pedofilia: menos de 12/mais de 16. Mas há excepções, que o CP não contempla. Uma grande margem de manobra devia ser permitida ao juiz ( devidamente aconselhado )nesta questão.

5) É precisa muita prudência na abordagem deste assunto. Mostram todos os estudos que a esmagadora maioria dos casos de pedofilia decorrem em meio familiar, no quadro de relações hetero, e tendo meninas/raparigas por vítimas. A percepção social é oposta: é um crime de paneleiros. Para isso, muito tem contribuído a CS. Mas também a Igreja Católica. Eu vi, com estes dois que Ele me deu e a terra ( ou o fogo ) há de comer, o padre Feytor Pinto a defender o afastamento dos gays do sacerdócio como necessidade da Igreja de se "limpar" das acusações de pedofilia. O JCN, que consegue concentrar em si tudo o que a Igreja Católica tem de negativo - para ele tudo é pecado, excepto homens explorarem outros homens - vai ser julgado em breve por, num dos seus artigos de fundo no DN ter feito a amálgama gay=pedófilo. Espero que a justiça tenha a mão pesada.
( /me: eu gosto muito de ti e não quero magoar-te; mas tenho que o dizer. )

6) A paranóia social e institucional com a pedofilia pode levar a erros judiciais monstruosos com consequências humanas terríveis. Um caso recente ocorreu em França com condenações absurdas, suicídios de inocentes que não suportavam a vergonha, destruição sistemática de laços familiares. Não tenho à mão a referência, mas procurando nos dossiers do "Le monde" encontra-se.

Sei bem que o ponto 4) vos vai indignar - mas é o meu ponto de vista.

( Só para situar a discussão: O Código Civil admite como possível, embora dificulte, mas como possível, o CASAMENTO de uma miúda de 12 anos. O casamento, que envolve um compromisso sem termo certo, um projecto de vida em comum, ... Relações sexuais é uma coisa infinitamente menos séria. )

Ai, ai , o que vem aí ...

Zé Ribeiro.

Anónimo disse...

ZR, concordo contigo na maioria dos pontos que referiste e acho que a questão principal é a da avaliação (?) da maturidade.

Um problema maior é de facto o da pedofilia e em que o caso de França é um exemplo excelente de como a prudência é um dos bons amigos do Homem, concordo contigo em absoluto. Hoje assistimos a uma penalização por excesso em alguns casos.

Mas, talvez por ser mulher, ou então, se quiseres, ingénua, mete-me um certo nojo imaginar um gajo na casa de banho de um centro comercial a meter-se com a Tia Loira quando ela tinha 11 anos. Desculpa, mas nojo é a palavra. E se visses as fotografias da Tia Loira com essa idade... Por Deus, era realmente um menino! Mas lá está, aí volto ao que tu dizes, essa diferenciação do ser ou já não ser menino com essa idade. Tenho um amigo que conheceu o namorado (e faziam uma diferença de mais de 20 anos) quando o mais novo tinha 15 anos, e esta relação durou 8 anos. Mas por estranho que pareça, não me parece que o mais novo tenha crescido muito, bem sei que é injusto avaliar aqui o crescimento alheio, mas pronto…

Eu nem posso falar muito que a minha cara metade tem mais 20 anos do que eu. Ou seja, ainda eu engolia legos e ela já andava por aí aos beijos (agora é que eu fiquei triste!).

Acho que esta discussão e, volto a ressalvar Zé, talvez por ser mulher, conduz-me a um outro ponto, o das diferenças nas sexualidades, que de facto existem e esta é uma discussão que tenho imensas vezes com a Tia. Nunca vi, nem sei de quem tenha visto, um engate a uma menina numa casa de banho pública feminina. Olha que eu gosto muito de mulheres, mesmo muito, mas olha que a ideia de uma menina me pedir ajuda numa casa de banho pública só me levaria a um pensamento, deixa ver se eu a sei ajudar… Cabeça de mulher. Mas olha, ainda bem. Prefiro assim. Mete-me um certo nojo imaginar alguém a olhar para a Tia Loira quando era pequenino numa casa de banho ou fosse onde fosse. Mesmo agora, às vezes, sabe Deus que coração de mãe tece batalhas…

Mas depois, mesmo as mães, por vezes são o motor, mesmo que passivo deste tipo de situações, faz lembrar a avó desalmada do livro do Garcia Marquez. Pois é, depois há mães que vendem as filhas e lá vai a minha especulação sobre o feminino. É mesmo complicado.

Beijos, AR

\me, posso pedir aqui ao ZR que me ensine a pôr um AR grandinho como ele tem no princípio do comentário? Ou achas que me podes ajudar pf?

/me disse...

AR, não precisas de pedir autorização! Este espaço de comentários é para ser usado como convir a quem comenta, dentro dos limites do bom senso que sei que tens de sobra. :)

Abaixo da "caixa" onde deixas os comentários, pede-te para escolheres uma identidade. Suponho que tens escolhido "anonymous". Ao lado esquerdo, tens "other". Escolhes esse e onde diz "Name" inseres AR. Depois é só publicar! Espero ter-me explicado bem. ;)

/me disse...

AninhaR, é um bom começo!
Agora só te falta criar o teu próprio blog. :)

Anónimo disse...

Ainha R:

Eu creio que tens razão quanto à diferença entre homens e mulheres no que toca à pedofilia.

( Genericamente, que há sempre excepções. Citaste o livro do GGM. Eu lembrei-me dos "Quatro contos imorais" do Burowczyk; do terceiro conto, com fundo histórico, sobre a condessa húngara. E há muitos outros casos. Mas genericamente, acho que tens razão. )

A diferença, aliás, existe em muitos outros aspectos. Outra noite, estive numa festa gay/lésbica em Lisboa ( em Évora, não há tais poucas-vergonhas, credo! ). E era sensível a diferença de comportamento: vários casais delas estiveram toda a noite sentadas, em conversa terna; quanto a eles, olha, fez-me lembrar os exames - medir, pesar, classificar, avaliar a possibilidade de passagem/reprovação ... Talvez o meu sexo/género seja mais predador que o teu ... Eu já te disse uma vez: o homem é uma mulher imperfeita.

Eu não tenho a subida honra de conhecer a Tia Loira. Mas a ideia de alguém ter tentado alguma coisa com ele, digo ela, numa casa de banho pública, quando a miúda tinha onze anos, enoja-me tanto quanto a ti. Segue um abraço de solidariedade muito apertado para com a Tia Loira.

( Tu engolias Legos? Meu Deus, a saída deve ser tão dolorosa ... Eu engolia caroços de nêspera, que são redondos, e o meu rabinho queixava-se tanto ... É tão bom ser menin@! Que o Diabo confunda nas profundas dos Infernos quem atenta contra eles. Mas, na justiça humana, temos que ser muito cautelosos. )

Um grande beijinho.

ZR.

Anónimo disse...

\me, não gosto daquela coisa sublinhada dá muito nas vistas... Zé, não sei se concordo contigo que um homem seja uma mulher imperfeita. No outro dia falavas de Mozart e Rienman. Se eles eram mulheres imperfeitas imagina o feminino limite da perfeição...


AR

Anónimo disse...

Zibelina:
Grande comentário!

AinhaR:
Nas relações com as pessoas de carne e osso, Ainha. Como diz a Zibelina, a possibilidade emocional de ver o outro como um objecto utilizável a bel-prazer é menor nas mulheres. Num registo um pouco diferente, mas com muito de comum, porque pensas que os exércitos são constituídos por homens? Achas, por exemplo, que os horrores das trincheiras na primeira guerra mundial, ao longo da cicatriz que atravessava a face da Europa, das praias do Mar do Norte às montanhas do Jura, teriam sido possíveis se estivessem mulheres frente a frente? Eu julgo que não.

ZR.

/me disse...

Quanto ao que concerne à lei, é difícil saber como lidar com a pedofilia. Na idade Média, "meninas" de 12 anos eram mães de filhos, dos quais tomavam conta enquanto os maridos navegavam para longe.

Em circunstâncias diferentes, com pessoas diferentes, a mesma coisa pode ser moralmente distinta. Qual a sensibilidade que a lei deve ter relativamente a isso, quanta responsabilidade deve ser deixada nas mãos dos juizes, admito que não sei. Por acaso tenho sentido a necessidade de ganhar conhecimentos básicos sobre direito e sobre as implicações do contracto social.

Em qualquer caso, todos concordamos que o abuso de crianças é terrível.

Mas ainda ninguém me respondeu à minha pergunta. :)
O que eu pressentia (já outros me admitiram ter partilhado do mesmo) nalguns adultos era afinal o quê? Ambiguidade sexual?

Miguel disse...

O mundo é um local perigosíssimo para...o ser humano.
E olha, ha dias em que não consigo acabar um post ou um comentario sem um sinal positivo, mas hoje, hoje e perante um post destes, só se me oferece dizer isto. Lamento!

Anónimo disse...

Tb n acho q o abuso seja algo assim tão raro, nem q tu tenhas a mania da perseguição, acho q as vezes as pessoas n percebem q para uma criança ser abusada n é preciso "consumar" nd...

Apesar da criança ser desde cedo um ser sexuado, existe uma fase d dita latência, em q pensa em aprender e absorver o máximo d informação, em q estímulos q a despertem para uma sexualidade mais exacerbada vão provocar desconforto ou mm consequências maiores. Sendo o abuso qq estimulo exagerado q a criança n consiga encaixar.(isto são definições teóricas)

Qto à idade d iniciação da vida sexual, pode ser mais ou menos precoce, acredito q embora pouco usual possa ser pelos 11, 12anos, mas s for c alguém da mm idade, caso seja c um adulto n m parece q haja qq espécie d igualdade, n vão estar no mm patamar...

Até porque da criança ter possivelmente curiosidade a estar preparada para concretizar seja o q for vai uma grande distancia, n quer dizer q ela n possa vir realmente a envolver-se d alguma forma a “gostar” ou mm sentir “prazer” c o q fizer, mas a verdade é q ficam vestígios disso, desse saltar d etapas.

Para além disso no abuso não há necessidade do acto sexual em si, abuso d menores n é só violação, por serem menores há toda uma outra panóplia d possibilidades, aquilo q nos adultos s chama assedio e q nas crianças devida à sua fragilidade deixa d o ser para passar só por si a ser abuso.

Acho q os abusos podem n ser intencionais, vai da sensibilidade da criança, um episódio d nudez em q n s encontra sentido, uma festa mais esquisita, um olhar mais perturbador... muitas coisas podem despertar o sentimento d repulsa e medo

Qto à lei fazer a distinção entre o abuso homo e hetero é mais um exemplo claro d preconceito e machismo... por q razão uma menina ser abusada por uma mulher é mais violento q por um homem?

Qto à tua pergunta, n era a tua imaginação q era delirante, pelo menos mais q a d todos os miúdos dessa idade, qto muito a tua sensibilidade a esses aspectos.
Nisto acho q a educação tem MUITA influencia, geralmente, qto mais conservadora é a educação, mais susceptível s torna a pessoa, acho q n sabe lidar tão bem consigo, e tem mais medo por consequência. (n estou a dizer q é o teu caso, mas foi algo q já reflecti à algum tempo)
Vou dar-te um exemplo, todos os miúdos mexem nos genitais qdo são pequeninos, antes d entrarem na dita “latência” (para eles é algo natural, sem conotação sexual à partida, ate pq estou a falar d meninos d 2, 3 anos). S as mães os mandam estar quietos q é mto feio ou pecado ou q ficam doentes, para eles a sexualidade vai ser uma coisa muito mais “complicada” q para aqueles a quem a mãe simplesmente diz q aquilo n s faz à frente das outras pessoas, assim como tirar macacos do nariz, para o segundo vai ser muito mais natural. Penso q nas meninas a repressão consegue ser pior, apesar d td a masturbação masculina é vista c alguma naturalidade, já a feminina é como s n existisse, nem s fala nela...

E pronto...

Bjinhos****

Goldmundo disse...

Gostei muito deste post. E dos comentários, que tenho de reler para absosrver tanta coisa.

E não, não me parece um tema pesado para uma segunda-feira. pesado parece-me sempre o silêncio :)

Que posso eu contar? bem, a minha experiencia de assédio aconteceu aí pelos 13 ou 14 anos, num ginásio aonde ia por indicação médica (e não por gosto). Já passou muito tempo, e às vezes penso que confundo memórias e re-criações mais tardias. Mas lembro-me bem de um ambiente estranho em que dominavam (se assim podemos dizer), com a cumplicidade activa do dono do estabelecimento, um grupo de homens de 40-50 anos (talvez fossem mais novos, e fosse eu que os imaginasse velhissimos). Havia pouca gente nos vintes, não sei porquê (porque eram suficientemente experientes para evitar esse sítio??) e havia seis ou sete putos da minha idade. Um dia levei um beijo num corredor, noutro dia outras coisas que imaginarão facilmente. Até que, pelo proprio dono (um antigo "mister músculo" de campeonatos) me foi proposto sexo.
Que recusei, com a sensação estranha de uma mistura total de medo e de atracção.

Penso que foi a primeira coisa que ocultei aos meus pais, para além de coisas muito pequeninas. E que durante anos e anos não contei a ninguém.

Aos 16 tive uma namorada e concentrei-me em raparigas... :)

Agora, depois de muitas voltas de vida, continua uma coisa estranha.

De certa maneira tenho um desprezo muito grande por homens. Tenho poucos amigos, para além de afinidades puramente intelectuais. Costumo dizer que me parecem demasiado brutos ou demasiado frágeis. Em todos os campos afectivos procuro a companhia das raparigas. Como se nelas pudesse confiar.

Uma psicologa com quem falei e contei (mais demoradamente) isto que agora disse respondeu assim: "você tem medo de ser homosexual, e por isso se refugia nas raparigas. Claramente me parece que o não é".

Pareceu-me uma resposta estupida.

E bem, caro /me, desculpa este comentário, que agora me parece despropositado. mas bom, era o que eu tinha a dizer.

Abraço.

/me disse...

Ana, gostei muito da tua participação. Obrigado, amiga. :)

Goldmundo, o bom de um blog é que permite a todos exprimirem-se, e não apenas, neste caso, a mim.
Obrigado pelo teu comentário, que não foi nada despropositado. Eu também guardei segredo, durante muito tempo. Dos meus pais, dos meus amigos. E também para mim continua a ser uma coisa estranha.
São coisas pequenas mas que confundem...
Abraço!