É impressão minha, ou o Brokeback Mountain diminuiu em muito o número de cowboys deste carnaval? Quem sofre são os putos, impedidos de usar pistolas de estalinhos. Por falar nestas, será que ainda se vendem daquelas pistolas de água que nunca duravam mais que uma semana? As boas brincadeiras são tantas vezes as mais efémeras...
Eu que não gosto nada de Carnaval logo vim para uma cidade onde o levam bem a sério. Novos ou velhos, tudo se disfarça. Até acho bom que se leve a sério a brincadeira, mas eu tenho complexo de gente adulta que não gosta de voltar a ser criança. Ou então, o que é mais provável, as minhas fantasias deixaram de passar por ser quem não sou. Com toda a certeza, o facto de não regar a alma com álcool é decisivo em tudo isso. Era pouco fundada a minha certeza, em criança, de que sempre compreenderia a frustração dos bonecos na manhã de sábado acabarem sempre cedo demais. A construção da minha personalidade fez-se como a das cidades portuguesas: as novas por cima das velhas, utilizando as últimas como pedreiras.
Bom, onde isto já vai. Voltando ao carnaval, aproveito para fazer um pouco de serviço público: relembro os mais distraídos que a figura na imagem em cima costuma desfilar em cuecas por esta altura do ano. Aconselha-se que desliguem os televisores ou ao menos usem os óculos que compraram para ver o último eclipse.
2 comentários:
a minha teoria acerca da escassez de cowboys é a seguinte:
http://rebel-advertising.blogspot.com/2006/02/o-fim-do-velho-oeste.html
1) A utilização das camadas antigas na construção das novas é mais económica e conduz a uma personalidade mais integrada.
2) O álcool e outros arroseurs d'âme são falsos desinibidores.
3) O bicho não participou no desfile este ano, nem no ano passado. Afirma que está farto da atenção que lhe dão, que gostava de participar como folião anónimo. Se é verdade - é bem feito.
Zé Ribeiro.
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