28.1.06

Cabala

Às vezes juraria que há um complot combinado entre os meus amigos para me obrigar a ser feliz. Se me queixo, vem logo um "não te podes sentir assim", um "vá, já chega, anima-te e vai fazer qualquer coisa" ou um "não te queixes, tens tudo para te sentir feliz".

Ou sou eu que sou muito trágico quando digo que não estou muito bem, ou os meus amigos já se fartam quando estou em baixo, ou então as pessoas esquecem-se de que estar triste é um sentimento como outro qualquer. É um dos estados naturais da vida. Não tem sempre de se estar feliz, nem a vida foi feita para isso.

Naturalmente que prefiro estar bem, estar contente, e normalmente até o estou. Encaro a vida com optimismo, mas para mim nada mais importa do que estar de consciência tranquila. É esse último valor, essa tranquilidade, que eu mais valorizo. A felicidade é importante, mas é quando muito um corolário possível das escolhas que faço. Depende bastante das circunstâncias. Eu faço o máximo, actuando dentro do meu quadro de valores, para ser feliz, mas isso é tudo que me podem pedir.

Acho que até tenho feito um bom trabalho, mas pronto, às vezes lá vem um outro momento de tristeza. Nessas alturas, recorro bastante aos amigos, é verdade, pois tenho a sorte de os ter em quantidade mas acima de tudo em qualidade. Eu não me deixo afundar nesses momentos, mas tão pouco os reprimo. Uma das lições mais duras que aprendi é que os sentimentos são para ser sentidos. Podemos mitigá-los e tentar mudá-los, mas é perigosíssimo reprimi-los.

1 comentário:

Assumida Mente disse...

/me, concordo inteiramente: ser feliz depende, as mais das vezes, de podermos enfrentar a tristeza sem receios nem fingimentos no momento certo!