18.1.06

Amigos

Se a memória não me atraiçoa, teria uns 16 anos. Ia algures com um amigo. Ao passar por um vão de uma escada, um idoso sentado nas sombras fez-nos parar e perguntou

- Vocês são amigos?
- Sim, somos...
- Muito bem. Olhem, estimem muito os amigos que têm de pequeninos, porque esses são os que ficam para o resto da vida. Depois já não fazem amigos assim... Estimem muito os que têm agora e não os percam.

Na altura notei as roupas sujas que o homem usava; só passados anos me atingiu a sua solidão. Não esqueço a ansiedade que tinha em evitar para nós o seu trágico destino, como se nisso buscasse consolo para a sua miséria. Pouco há pior que a solidão.

Vejo agora como o homem tinha razão. Nunca na vida me foi fácil fazer amigos, até pela forma como quase todos os que faço acabam por partir para outras paragens. E quando não é assim, vou eu de abalada. Os amigos que tenho são dos bons, mas estão espalhados pelo mundo. Talvez por isso, começo a proteger-me. Quem anda de passagem pela minha vida dificilmente passa de conhecido; cada vez menos tenho disponibilidade para fazer amigos. Cheguei a uma situação em que tenho muitos amigos, mas sempre poucos onde estou e quando preciso.

Tinha razão, o homem. Os amigos fazem-se de pequenino. Depois, cada vez menos. Ainda bem que fiz um bom "stock" de amigos, mesmo que quase todos estejam sempre longe!!!

8 comentários:

Anónimo disse...

E amigas? :P

Anónimo disse...

Poucos, mas bons :)

Esse senhor tinha mesmo razão, os que nos acompanham a vida toda são os que fazemos em pequeninos...

E com o passar dos anos vês que os verdadeiros se contam apenas pelos dedos de uma mão...

Aqueles que por mais voltas que o mundo dê, estão sempre lá...

Depois os que vamos fazendo, são mais amigos de ocasião, ora colegas de trabalho, ora colegas do futebol...

Apenas conhecidos com quem vais convivendo, mas que vão desaparecendo sempre que mudas de trabalho ou de cidade!

estes vão-se, mas aparecem outros... conhecidos...

(mas, felizmente às vezes ainda se têm agradáveis surpresas e encontras um amigo entre mil conhecidos... poucos, mas bons...)

cris***

Broken M disse...

Amigos teremos sempre poucos. Para toda uma vida talvez 1. Encontrar um grande amigo é como encontrar um grande amor. Nem sempre se encontra. Mas quando encontramos, temos que cuidar muito bem!

P.S. Holanda, where?

/me disse...

Mindful, pela minha experiências, as melhores amigas (no feminino) fazem-se um bocado mais tarde que os melhores amigos!

Madi, não leves a mal, mas não te vou responder aqui, para resguardar um pouquito a minha privacidade. Se quiseres, manda-me um mail para minudenciascomuns@gmail.com e respondo. :)
(não leves a mal, tá?)

Broken M disse...

wow,

É uma cidade tão pequenina, que só tu estás lá?

:)

Já te mando o mail.

Anónimo disse...

A pedido de muitas famílias, achei que era um bom post para deixar o meu primeiro comentário.

Quem é amiga, quem é? ; )

Já agora, noto que os meus melhores amigos, já os fiz com uma idade considerável.... Talvez porque já tinha mais em comum com eles do que o gosto por jogar ao berlinde... (agora é mais o gosto pelo SLB hehe) Talvez dependa de pessoa para pessoa. O facto é que estou muito contente com os que tenho, mesmo quando eles escrevem blogs lamechas e nos obrigam a dizer que os adoramos até mais não. Sacanas... : p

/me disse...

Ei, e a parte de eu ser muito giro e muito boa pessoa??? Os 50 euros que te dei também incluíam essa componente publicitária. ;)

Agora a sério, ainda me hás-de explicar isso das muitas famílias...

Nobody's Bitcho disse...

A cada dia que passa, vejo isto cada vez mais... infelizmente!

Mas é assim, as pessoas vão crescendo e o seu grau de exigencia cresce com eles, ao ponto de terem que se afasta, mudar para outro lado...

Mas mesmo assim, há muitos que nao nos deixam de telefonar, de perguntar como vai a nossa vida. Preocupam-se connosco. Podem nao estar no sitio nem na hora em que precisamos deles, mas quando podem, visitam-nos ou convidam para sermos nós a visitá-los...

Fica bem :)