É uma cena algo apagada da memória da minha infância. Chorava por não ter amigos. Lembro-me da tristeza, de me sentir inadequado, da solidão. Não me bastava a família, precisava de mais, de muito mais. Recordo-me de fantasiar que do outro lado do mundo haveria alguém que me compreenderia, que eu entenderia, capaz de fazer tudo por mim. Se calhar eu até teria amigos, do tipo que uma criança tem, daqueles colegas com os quais se joga computador e pelos quais se é convidado para festas de anos. São assim os amigos da infância? De qualquer modo, isso não me dava mais que um bom livro, se calhar pelo contrário. Transferi então o meu coração da realidade para a ficção. Teria de haver alguém, nem que fosse na China, que fosse amigo como ninguém. Desinvesti do mundo que me rodeava.
A vida passa tão a correr que é difícil percebê-la. Novas realidades sobrepõem-se às antigas, o que perturba a memória, o passado visto com os olhos do presente. Não acho que o passado seja a explicação de tudo no presente, acredito no livre arbítrio, mas é importante. Vem isto a propósito do Amor. Que procuramos, e porquê?
Há quem diga que a homossexualidade é, no seu todo ou em parte, a consequência de uma infância sem referências masculinas. Tipicamente, mãe dominante e pai ausente. Assim, segundo esta tese, os gays (no masculino, perdoem-me o machismo) procuram durante o resto da vida o equilíbrio que não tiveram em crianças. Mas então, e os heteros? Procuram o quê? Qual a causa do seu desequilíbrio, que os faz sentir incompletos? Não excluo que a falta de referências masculinas leve alguém a sentir-se completado por alguém do mesmo sexo. Mas aí, estamos em igualdades de circunstâncias: todos procuramos o que nos completa. Seja porque razão for. Não vejo em que é que isto justifica que se diga que os homossexuais estão a procurar compensar a infância mais ou menos do que qualquer outra pessoa. Na verdade, todos crescemos em famílias disfuncionais. O corolário deste tipo de raciocínio parece-me ser que a maturidade plena só se atinge quando estamos bem sozinhos. A solidão seria o apogeu da espécie. Não, obrigado, prefiro ficar um passo abaixo na escala da evolução.
Eu acredito que o Amor é o mesmo, apenas tem objectos diferentes. Cada qual tem a sua personalidade, que o impele a buscar determinadas características. Mas o Amor é o mesmo. Que procuramos, então? Alguém que nos complete? Que tenha o que falta em nós? Que nos entenda, seja parecido conosco? Sim, é tudo uma coisa tremendamente animal, hormonal, molecular, não vou por aí... Não me importa que átomos compõem as emoções, o facto é que as sentimos. Que loucura é esta que nos faz queremos abandonar-nos a nós mesmos para nos tornarmos um com outra pessoa? Porque é que isso é tão importante para nós?
Pergunto mais do que respondo. Ao fim ao cabo, os porquês não são tão importantes como a forma como lidamos com quem somos e o que sentimos. Amamos porque amamos. Essa é a realidade tangível. Mas persistem tantas perguntas. Uma que me faço frequentemente é se as pessoas que buscam somente - e tão só e nunca mais que - sexo estarão apenas desiludidas. Este sentimento, esta pulsão a amar, não é de todos? Custa-me tanto aceitar que alguém possa nunca ter acreditado no Amor. Será possível existir alguém que recusasse a hipótese de felicidade a dois? Não acredito. Se calhar, falha-lhes a fé. Porque foram magoadas, ou nunca acreditaram. E contentam-se com o medíocre.
Esta visão romântica do Amor tem que se lhe diga. Talvez realismo, um aceitar ser moderadamente feliz, fosse melhor. Mas é possível a alguém ser 99% feliz? Uma característica de ser humanos não é buscar o 1% que falta? Queremos sempre mais e mais. E isso, no Amor, só se pode procurar com alguém em profunda sintonia. Não basta ganhar por um, tem de ser de goleada.
Mas todos nos desiludimos. A vida é dura, fria, cruel, vezes demais. Investimos tudo, que nascemos para isso, e quase sempre falhamos. Aprendemos a dosear, a rodear o coração de camadas protectoras. É normal. Ninguém gosta de sofrer. Mas não é irreversível. Por mais seguras que sejam as fechaduras, haverá sempre alguém capaz de as abrir. Embora às vezes seja só se deixarmos. Não há crimes muito piores que ter medo da felicidade. Curiosamente, muitas vezes, os períodos de maior desilusão são os mais propícios a abrir o coração. Estamos à espera de tão pouco que nos deixamos surpreender.
O que acho, verdadeiramente, é que independentemente das razões, vale a pena querer amar. Porque nisso colocamos muito da nossa felicidade.
O que acho, verdadeiramente, é que independentemente das razões, vale a pena querer amar. Porque nisso colocamos muito da nossa felicidade.
Finalmente, um tema paralelo, relativo às amizades. O que as separa do Amor? O sexo? A paixão? Os limites são físicos ou têm de ser também afectivos? Se há algo que sempre me custou, é limitar os afectos nas amizades. Não entendo porquê, não percebo essa necessidade.
24 comentários:
Não tenho uma resposta, sequer uma, para as perguntas que fazes.
Nem um comentário - a não ser que, no que toca à procura de sexo por sexo e à felicidade a 99%, tenho, como sabes, uma sensibilidade um pouquinho ( só um pouquinho ) diferente.
São perguntas que faço a mim próprio.
Talvez não haja resposta. É erro frequente nos matemáticos querer que todo o problema tenha solução ( de preferência única e variando continuamente com os dados ). Há fortes razões para suspeitar que estes problemas não têm.
O melhor deve ser pôr de parte
tentativas de teorização, adoptar uma atitude empírica, e procurar alguém com quem possamos abrir o baú a abarrotar de ternura que temos dentro de nós.
Sem a certeza de o encontrarmos. Com a esperança de o encontrarmos.
Tchuik,
ZR.
Concordo totalmente com a tua atitude empírica. :D
Entendo, ams deixa de te ralar com aquilo que os outros pensam ou possam pensar sobre a forma como vives os teus sentimentos.
O usuário Anónimo orienta os cegos, alimenta os esfomeados, escuta os mudos, fala aos surdos, corrige os errados, instruí os ignorantes... e muitos etecéteras mais, mas, tudo isto para quê? nem sei, mas talvez para servir de mote para algo irresístivel e que me veio à mente dos meus tempos de amores platónicos em que me contentava com as peripécias muito mal representadas do "Duarte e Companhia,Lda": eis uma variante, "/me não sele holandês, /me sele poltuguês". E dito isto, vamos ao que interessa explicar no que diz respeito a este assunto tão delicado:
P. (legítima) : O que importa explicar é, afinal, onde está o wally?, onde está o erro? porquê tantas perguntas? porquê aparentemente tão poucas respostas? afinal, porquê? (recordando a arché da filosofia jónia divirto-me a rodos )
R. (baseada na empiría, n me venham falar q falo em ciência quando o meu discurso nem sequer apresenta um método...) : A explicação é relativamente simples (afinal uma pessoa burra raramente dá uma explicação complexa (?)). Melhor, a explicação apresentada será do tipo simplex. Mas ainda assim, a este queijo explicativo eu parto-o em 4 fatias e um título:
O erro gramatical
1- As palavras (+-*/ os operadores)
Se olhar-mos para os restantes animais, vemos que possuem, na sua maior parte, um tipo de linguagem, mas é relativamente pouco elaborada. O objectivo é comunicar, talvez transmitir ideias aos outros, pensamentos, enfim, mostrar de uma certa maneira como somos mentalmente. As palavras contêm uma quantidade de erro incrívelmente grande! Tanto que o objectivo nunca é atingido nem a 1% talvez. Portanto, o facto de falar-mos, de escrever-mos, incluí muito erro. Símbolos que apontam para elementos (conceitos) de conjuntos disjuntos (as cabeças de cada um)...
3- As causas (r,a,o,m.. os operandos)
As causas dos amores, estão na cabeça de cada um, nos elementos conceitos e muitas outras coisas dentro de cada um daqueles conjuntos, as causas podem ser variadissímas, não importa, não interessa defini-las sequer. É de aplaudir aliás não defini-las pois significaria nesse caso que todo o corpo serviria para sentir. Portanto, isto quer dizer que as causas não são sequer consciencializadas (no sentido de pensadas) pelo simples facto que sentimos (ou seja parte do corpo não está a pensar).
2- O observador (= o que causa o resultado)
Imaginemos um observador X que observa o mundo. Ele vê o mundo, constacta factos e não teias de aranha, areias, aranhas, pensamentos, na cabeça de cada um. Só vê factos e conta-os, faz estatística, aponta resultados, não faz infereências, nada. Vê o mundo como ele é. Vê que acontece sem se questionar.
4- A acção (Z o resultado)
A accção realizada decorre das causas, muita dela do pensamento (baseado em palavras, portanto, +erro)
A acção observada pode ser padronizada, pura estatística.
Pode inferir-se que parte das causas pertencem a ambos os conjuntos (diferentes cabeças) e o que é comum em tudo isto? o corpo (é semelhante) e as palavras (não os conceitos, embora possam ser semelhantes).
Daqui, pode dizer-se que a explicação para as tuas perguntas reside no corpo e no erro implementado pelas palavras. O corpo é uma entidade com necessidades, daí que poderiamos dizer que o "amor" decorre dessas necessidades ou é mesmo essas necessidades, e que as palavras são as responsáveis por tudo o que corre mal. Na dimensão das palavras, incluí-se as diferenças de conceitos para a mesma palavra, comunicação social, videos, frases, tudo o que pode colocar-se em palavras.
Deste modo, amar é calar é estar em silêncio e sentir (amar são essas necessidades corporais nas quais estão incluídas as mentais de que não tens que ter consciência, amar é o que tu quiseres que seja(?-porque é somente uma palavra)), sem te perguntares, porque quando já começas a perguntar já começas a errar por palavras. Tudo o que correu mal, foi de teres colocado um pensamento em palavras...
Sente!
r+a-o*m=amor (puta palavra que ninguém percebe, os esquimós têm 100 palavras para a água e os seus estados, e nós temos 1 para um camião de estados... estou seguro que a infidelidade é também causada por um erro de palavras ,porque é apenas uma palavra e amar outra, apenas erros... enfim, tenho que ir comer)
(para a próxima vou tentar explicar melhor, para já ficam as ideias por palavras com todos os erros que isso implica, enfim, cada um pense como quiser)
Ass: o usuário Anónimo
Eu quando era mais novo também era assim. Imaginava um planeta inteiro onde passava a maior parte do meu tempo livre, onde tinha os meus amigos, onde brincava, onde era "feliz" e que me dava um objectivo para a minha vida. Gostei muito do teu texto, sempre me deu leitura para este tempo aqui na faculdade sem nada de jeito para fazer lol. Quanto ao último parágrafo sobre os limites da amizade é uma tema difícil. Muitas vezes acabo por sentir algo mais em relação aos amigos mas controlo sempre isso (a não ser no caso do meu melhor amigo que acabei por começar a namorar com ele lolol).
Tenho a ideia que o mundo ficcional do /me ( o outro lado do mundo ), do Luso ( o planeta imaginado ), meu ( uma ilha nos mares do Sul ), ... está presente com uma frequência maior em nós ( = minoritários sexuais masculinos ) do que nos hetero exclusivos.
Assim como uma certa tendência para o isolamento e um conceito de amizade ( com homens ) em que as fronteiras de separação com o amor estão mal definidas.
Se o último aspecto - as amizades - é imediatamente compreensível, os outros dois são mais complicados.
Poderia argumentar-se que tem a ver com a homofobia social, que nos faz isolarmo-nos, fecharmo-nos sobre nós próprios, tornarmo-nos introspectivos, construirmos um mundo ficcional. Mas esses aspectos das nossas personalidades evidenciam-se, em geral, antes, muito antes, do despertar da sexualidade adolescente e da evidência de uma orientação sexual minoritária.
Seremos mesmo diferentes, psicologicamente diferentes, cerebralmente diferentes?
Leio o blog do Luso há uns meses, o do /me também. É claro que, tal como eu, tal como vários amigos meus gays, foram crianças diferentes das outras, e que se sentiram
diferentes das outras.
Crianças, não falo da dolescência.
Uma questão interessante a discutir seria o nível intelectual. Tenho a impressão que nas actividades fortemente intelectuais estamos sobrerepresentados. É difícil tirar isto a limpo, porque nas outras actividades o preconceito é maior e o coming out mais difícil. Se for verdade, a razão deve estar nessa tendência precoce para a introspeção e a construção de mundos ficcionais: deve ser uma vantagem comparativa nos estudos.
É mesmo bom ser queer! É possivel que se sofra mais - mesmo em meios friendly. Mas a vida interior é mais rica; contraditória, um pouco bipolar, às vezes angustiosa - mas muito mais rica.
( O usuário Anónimo é extra-ordinário! )
ZR.
/me, gosto do que escreves, gosto como escreves, gosto como o descreves.
Anónimo, já disse isto a alguém: tu baralhas-me! ;)
Do que percebi, gostei, talvez não concorde com tudo, mas gostei de ler.
Respostas às perguntas, não as tenho. Pelo contrário, tento uma imensidão de perguntas semelhantes, e para as quais também não tenho respostas.Sempre que se fala de amor, é dificil. Ou seja é dificil falar de amor. É uma tentativa de objectivar algo que não é objectivável. É racionalizar algo não racionalizável. Mesmo que se chegue a um consenso sobre o que é o amor, algo que não acredito que se consiga fazer, a forma como esse amor é demonstrado levanta nova discussão. A frase que usas "Que loucura é esta que nos faz queremos abandonar-nos a nós mesmos para nos tornarmos um com outra pessoa", é simplesmente espectacular! Acho que mesmo com a limitação a que o Anónimo se refere da utilização de palavras para descrever sentimentos, é fantástica!
Mais do que palavras, acho que o amor também se vê em pequenas acções. Por vezes um gesto formal é completamente desprovido de sentimento, embora na teoria não o devesse ser, e um pequeno toque, um gesto insignificante para qualquer outra pessoa, para outras tem um peso enorme e uma carga afectiva imensa.
Amor, sexo, romance. São tudo coisas iguais e que ao mesmo tempo nada têm em comum.
Geralmente as pesssoas que mais sentem, são aquelas que mais amam,mas também as que mais sofrem... :( Abrir de forma completa o coração e entregar-se a alguém completamente, física e emocionalmente, é algo lindo, mas como se diz, quando mais alto se sobe, maior é a queda. Talvez quem suba menos, quando cai, fique menos mal, mas nunca viu a vista lá de cima...
O que separa as amizades do amor? Para mim amizade é um tipo de amor. Ou seja, pode ser perfeitamente coerente, ou uma grande confusão. Pode evoluir num sentido ou noutro, pode ser inconstante, pode evoluir para paixão, pode ficar sempre na mesma.
Concordo com o ZR. Crianças diferentes ainda antes de serem adolescentes "diferentes"... Concordo que pode ser uma vantagem. Melhor, concordo que É uma vantagem! Talvez esteja mesmo relacionado com algumas diferenças ao nivel intectual. Evolução natural como dizem alguns? talvez...
Questões complicadas as que colocas..., mas como diz o Anónimo (acho que está a criar alguns fãs..):
SENTE!!! e acho que isso basta. ;)
aequillibrium, também gosto muito dos teus comentários! Sabes, eu acredito em sentir muito e pensar muito. Pensar não inibe o sentir. A razão não tem que ser contrária ao sentimento, nem de se impôr. Às vezes, aliás, primeiro sente-se, depois procura-se entender.
Estou convencido, até, de que a inteligência emocional passa por nos entendermos, por discutirmos conceitos e sentimentos. Isso passa pela sua verbalização.
Quanto ao usuário Anónimo, também me baralha, mas é bom rapaz. Mas discordo quando diz que "Tudo o que correu mal, foi de teres colocado um pensamento em palavras... "
Os pensamentos são assim tão mais perfeitos que as palavras? Estas têm vários significados, mas os pensamentos - os meus, pelo menos - não vão muito para além das palavras. Aliás, não tomando forma nestas, num registo oral, escrito ou guardado dentro de mim, nem sei se existiriam esses pensamentos. Será preciso ter uma linguagem para poder pensar? O que sei é a que a linguagem é o output do pensamento. E, novamente, o meu pensamento não é muito mais puro que as palavras. Pode haver confusão de conceitos, dificuldades de definição, mas o grosso costuma passar.
Penso que o pensar sobre o que se sente é uma das consequências naturais da evolução.
Zé Ribeiro, esses mundos imaginários, mais ou menos reais, são fascinantes. Eu tinha tantos, onde me refugiava... Nos últimos anos, parece que já não preciso tanto deles. Se calhar, porque já vivo no mundo.
Zé LusoBoy, tinhas um planeta inteiro? Bolas. :p Não te contentavas com pouco!
Vale a pena querer amar, sim.. A questão é se o amor acha que vale a pena querer-nos...
Um beijo.
Caro /me.
Segundo essa tese, eu sou homossexual ;) pois cresci com uma mamã e uma tatá, papá ausente ou muito pontualmente presente… Claro que depois se arranjam outros motivos de psicanálise rasteira para cada caso (poder-se-á sempre dizer que sou bissexual, ou polissexual;) ou homossexual recalcado, sei lá…) Porra, eu que dormi até aos onze anos mão na mão com um urso de peluche (ah ganda Nounours! Pois, é francês, é, o moço, quero dizer, o urso, e porra2, noto agora, não é uma ursa! ;);)
Eu cá revejo-me é em todo o resto que dizes, do anseio amoroso aos afectos na amizade. E penso que todo o 99% só ganha sentido na tensão para o 1%... É o que se chama ter alma. O resto é morte, ou coisa que o valha… Antes o Quixote, caramba…:)
Abraço.
Boa tarde «Me» !
Efectivamente, é muito difícil verbalizar o que sentimos e tentar perceber o porquê do que sentimos não é o primordial, como tu bem o referes. Julgo que, muitas vezes, as pessoas preocupam-se mais em compreender o sentimento do que entregar-se a outra pessoa. Já aconteceu alguma vez sentirem algo tão forte que as próprias palavras eram incapazes de traduzir esse sentimento ?
Penso que o desafio está em poder sentir e demonstrá-lo em vez de entendê-lo.
Um abraço insular.
Desculpem vir só para isto, mas acho que vale a pena:
1) "O usuário Anónimo orienta os cegos, alimenta os esfomeados, escuta os mudos, fala aos surdos, corrige os errados, instruí os ignorantes." Isto é genial! Parece Cervantes!!
2) Os últimos estudos de Psicolinguística apontam sem ambiguidades para que a linguagem é indispensável ao pensamento humano. Mais: crianças supostamente multilingues são, no pensamento que não ocorre num contexto linguístico determinado, estrictamente monolingues. E a língua que utilizam não é uma das da família; nem a da escola; nem a da Igreja ou instrução religiosa - é a da brincadeira com os outros!
ZR.
Só um pequeno reparo ou talvez um acrescento ao supradito:
Tinha como objectivo expôr um dos meus pontos de vista de um certo modo, mas já reparei que talvez não tenha sido o melhor. Por outro lado, não ter tido tempo foi a causa principal (ou talvez carência de engenho(?))de ter feito uma explanação tão atabalhoada. No entanto, penso que algumas velas acenderam... Não obstante, não desisto de uma melhor ou outra forma de expressar-me, que consiste na seguinte ideia:
Se olhar-mos para o presente como um instante pontual na linha do tempo (portanto medida nula de jordan em R (certo?)), vemos que somos ainda muito pouco evoluídos. Escolhendo uma imagem um bocado redutora (mas enfim, tem que ser...), poder-se-ía analogar o seguinte:
- Somos uma cambada de "macacos" a discutir o que é o amor, a amizade, etc (conceitos abstractos e individuais) através de "UH UH! AH AH! UH!", o que acaba por ser ridículo!
Talvez o melhor mesmo seria cada um ir para o seu canto e descascar uma banana ao mesmo tempo que se sedimentam os sentimentos... ou talvez não e podemos continuar aqui, compramos armas, inventamos razões e criamos uma guerra... do Amor!
Actualmente acho mesmo que verbalizar os sentimentos, enfim... acho que é e será mesmo num futuro próximo uma missão solitária que cada um terá que cumprir. Descubrir as diferenças, aceitá-las e aceitar as nossas. É um pensamento egoísta, mas é tão difícil compreender outra pessoa, e tanto mais quanto mais difere o seu passado do meu.
Um dia, com a evolução, tlv sejamos mais telepáticos e consigamos mesmo transmitir o que sentimos. Nessa altura não haverá desculpa para os atrasos depois do trabalho! ;) Eu não quero cá estar!eheheh
Por outro lado, gostava de deixar aqui, talvez, um sentimento, através da descrição de um acto abstracto (para a próxima tento inventar outro), para cada um entender como mais gostar:
Abraçou-se ternamente à sua ausência quando se foi e nos lençóis deitados voltou a encontrá-lo
Para breve:
-amor numa ilha a dois ou acto de convencimento?
-o que é o amor?
-serei estúpido?
Ass: o usuário Anónimo (directamente da rua da melancolia)
Caríssimo usuário Anónimo, nós não somos apenas macacos que descascamos bananas. Somos macacos que substituímos as bananas por comida sintetizada e artificial, ou biológica. Mais, estudamos as calorias que cada alimento tem e o que é ou não saudável. É certo, há quem coma de tudo, à macaco que é, mas esse não é o caminho da sobrevivência: ninguém conseguirá sobreviver muito tempo almoçando todos os dias no MacDonalds.
Não é ridículo discutir conceitos, mesmo que por grunhidos. Todos temos a noção de que são pessoais, e de que cada um tem os seus. Por medo das generalizações ou dos erros abdicar de pensar? Nah. E os grunhidos, por algo que venham afectados de erros, são os nossos pensamentos. A sua verbalização é um salto evolutivo. :)
Não digo que a razão nos dê tudo, que seja a resposta para tudo, não é, nunca foi! Mas a carta dos Direitos do Homem é resultado de racionalização sobre o que é bom ou mau, justo ou injusto. Também se fez a bomba atómica, certo, e por isso é importante haver regras a pensar, não nos atropelarmos. Quanto aos sentimentos, é bom pensar neles.
(pena não acompanhares os teus comentários com desenhos daqueles que sabes fazer.)
Eu vou ser curto e, talvez, polémico.
Para mim nada funciona qdo a amizade não é forte. É o sentimento mais nobre e importante. O resto vai e vem ao sabor de pequenas coisas.
Se ela não sobrevive, mesmo que um pouco abalada, a qualquer outro sentimento, então nada valeu a pena!
Assim já gosto, a caminho da compreensão das diferenças. Viva o pod!
Ass: o usuário Anónimo
Caro /me,
Dois comentários muito curtos:
1 - "Pergunto mais do que respondo". Ainda bem!! É o sal deste blog. As tuas inquietações põem esta gente toda a meditar e a fazer alguma introspecção.
2 - Será que todo este conjunto de posts sobre este mesmo tema não têm um destinatário específico?
Um abraço
1- É, este blog quase parece um fórum, eheh. :)
2- Era bom! *sorriso triste*
Join the club!
Ora, eu sou quase membro Gold. Tive a inscrição suspensa durante uns meses, mas não a cancelaram.
Enfim. Estou num daqueles dias em que quase pagava por um abraço. Como a última pessoa a ser escolhida para um jogo de futebol na escola. Pronto, é só um desabafo. Vou dormir, amanhã é outro dia!
Antes de dormir, ainda deu para aqui voltar. :)
pod, tens sorte. Na minha vida não só há áreas brancas e pretas, como algumas "cinzentas", e outras azuis, vermelhas, verdes, laranja, etc, etc... :( talvez por isso esteja mal...
/me, n precisas de pagar por um abraço... ;)
Curioso, há uns dias escrevi um post que se chama: "AQ vida passa a correr"!
Foi bom passar por aqui
Um abraço amigo,
Daniela Mann
Na hora que vais dormir entro eu no teu blog. Tive um dia daqueles!
Acabei de ler o teu último post. Delicioso post. Respiro fundo (não era tão curto assim!) e antes de tb eu ir dormir, me decido a escrever nesta tertúlia.
Antes de mais obrigado pelos comentários que deixaste no meu blog. Um contributo interessante.
Qto ao tema do teu post (que na verdade são vários) gostei que falasses do amor, esse sentimento tão cantado em prosa e em verso, que enche o infinito.
Considero que o amor tem três dimensões: solicitude, afecto e intimidade. A primeira é aquela em que mais me movo no dia-a-dia naquilo que sou, no meu ministério: o amor como solicitude supõe a atenção eficaz ao outro e às suas necessidades e desejos (acolher, respeitar, ajudar, ser solidário). O AFECTO, é já outra dimensão do amor: não apenas dou algo a alguém, mas quero estar com ele, junto dele, junto dela. E a INTIMIDADE já consiste em comunicarme com o outro, em proximidade física, que supõe conhecimento mútuo. A relação destas dimensões do amor depende do estilo de amar e da relação pessoal diante do outro.
Pessoalmente devo dizer que fui educado para a solicitude, menos para o afecto e muito pouco para a intimidade. Até agora o amor-solicitude tem-me preenchido, mas não sei até que ponto esse 1% (em busca da ovelha perdida!) a que te referes estará escondido, palpitando, em algum baú da minha existência. Mas isso é matéria para um post.
De qualquer maneira só queria dizer que me parece que somente o equilibrio entre as três dimensões que referi atrás supõe um amor lúcido, uma inteligência do coração que, em certas ocasiões, não tem necessariamente que estar relacionado com o namoro.
Outra coisa que gosto neste sentimento é o de poder dizer que o amor não coloniza: amar é deixar o outro ser ele mesmo, sabendo que só assim a autenticidade do amor se verifica na história relacional das pessoas.
Bom. Fico por aqui senão isto vai parecer um lençol.
Já agora, e respondendo à tua solicitude: um abraço (amor solicito).
Vou pegar no tema das amizades.
"Se há algo que sempre me custou, é limitar os afectos nas amizades. Não entendo porquê, não percebo essa necessidade."
Tema interessante! Com as amigas, salvo mt raras excepções, sp houve pelo menos um dos 2 q sentiu alguma coisa mais pelo outro. Estranhamente, são menos os instintos afectivos e mais os instintos sexuais. Tipicamente opto por n fazer nada por sentir q n faz sentido, q é um caminho sem saída. É-o por se esgotar em si mesmo, na medida em q nada sério daí poder resultar (se quisesse a amiga para namorada punha as coisas nesses termos e fazia-me "à luta" - em caso de dúvida, fico quieto, n vá deixar mal a pequena). Faz sentido?
Com os rapazes, amizade surge naturalmente e sem outras complicações. Curiosamente, os instintos são afectivos e n sexuais. Serão mm mm mm? N sei... De qq forma, tx como com as raparigas, como é caminho sem saída, opto por me deixar quieto.
Será q a diferença entre amizade e amor está na relação 1:N da amizade vs 1:1 do amor? Daí a parte de intimidade estar reservada para a 1:1? Onde fica o afecto na história é n sei...
Enviar um comentário