9.12.05

Light-headed

A neve que cai não faz sentido. A neve é bonita, é branca, é fria, pertence a filmes de Natal. A música de Bach sim, pertente ao agora, como se adequa, é suave, como pode, as teclas tão delicadamente pressionadas, ao mesmo tempo rápido, um allegro de tristeza, confusão. O latim bate certo, o holandês fere, se nem os olhos consigo abrir, também italiano, é doce, às vezes compreensível, lampejos na escuridão. Os braços abertos ao mundo não disfarçam, como se girasse à minha volta, tudo, este egocentrismo exacerbado, odeio que esteja seco, cabeça não erguida, uma pele de cobra, deve doer quando a muda, como a mim. É a pequena vingança da manhã, irónica incoerência, frenetismo parado, tanta coisa, em tudo significado, no todo o caos. Brotam de mim as palavras, ok, tão desarrumado, as bolachas, faz-me rir, não há nada tão triste como um sorriso, o espelho longe, bem me lembro, é a poesia. Um quadro literário, tão grande sentimento, o tempo parou, vazio do que fica. Mas tudo bem, a cadeira já a sinto, os ecos do passado, peixe, os carros, estava tão só. Consigo agora o que reprimi então, de surpresa em surpresa, a vingança, olheiras, chegou. A realidade.

Até se apagam!

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