Vi o Crime do Padre Amaro com um amigo e a irmã dele. Apesar das prestações de alguns actores deslocados (cinema não se faz como se fosse teatro) gostei. Sim, a história não tem nada a ver com a original, sim há muitos elementos deslocados, como chamarem bispo ao cardeal (chocou-me, mas talvez seja por simpatizar muito com o cardeal Policarpo), enfim, há algumas coisas que não batem certo. Mas havia actores muito bons - gostei da actriz negra novita - e nuances suficientes para divertir. E os meus amigos que me perdoem, mas não vi nenhuns sinais de anti-clericalismo. Há padres bons e padres maus, mas aquela história servia era para entreter. Achei pena foi a forma como se resvala tantas vezes para a caricatura, mas isso é um mal português. Acho que evitamos assim a realidade.
Saí do filme, despedi-me dos meus amigos, e fiquei só sob a chuva. Convidei um outro amigo para sair mas era tarde. Corri a minha lista de contactos de telemóvel. Os amigos são poucos e precisam de dormir. Só a internet não dorme, mas essa apenas chegou agora, nesse momento estava longe, presente só mesmo a chuva. Não me deprime, a chuva, antes me consola, antes deixava-me pensar que ela chorava por minha vez. Agora não preciso, e por isso chora comigo, sempre me consola. Sabem, dói-me não saber dele, onde está, como está, não o poder consolar. Sim, estou a ser lamechas, mas sou assim, é o meu sentir, nada dói tanto como a distância forçada.
Uma das minhas deliberações de ano novo será sentir-me bem, hão-de ver, parecer feliz, que esse é o primeiro passo para se o ser. Mas agora é uma ferida aberta. Não só o termos acabado, mas a forma como o fizemos, os nomes que me chamou e as mortes que me desejou ressoam em mim. Ecoam os nomes que me chamei, as mortes que me desejei. A evidência do abismo seria enorme, não tivesse eu idade para ter juizo. Sei manter-me em lugar seguro, mas custa. E, como em tudo na vida, há um preço a pagar, só que uma regra do jogo é não perguntar qual.
Saí do filme, despedi-me dos meus amigos, e fiquei só sob a chuva. Convidei um outro amigo para sair mas era tarde. Corri a minha lista de contactos de telemóvel. Os amigos são poucos e precisam de dormir. Só a internet não dorme, mas essa apenas chegou agora, nesse momento estava longe, presente só mesmo a chuva. Não me deprime, a chuva, antes me consola, antes deixava-me pensar que ela chorava por minha vez. Agora não preciso, e por isso chora comigo, sempre me consola. Sabem, dói-me não saber dele, onde está, como está, não o poder consolar. Sim, estou a ser lamechas, mas sou assim, é o meu sentir, nada dói tanto como a distância forçada.
Uma das minhas deliberações de ano novo será sentir-me bem, hão-de ver, parecer feliz, que esse é o primeiro passo para se o ser. Mas agora é uma ferida aberta. Não só o termos acabado, mas a forma como o fizemos, os nomes que me chamou e as mortes que me desejou ressoam em mim. Ecoam os nomes que me chamei, as mortes que me desejei. A evidência do abismo seria enorme, não tivesse eu idade para ter juizo. Sei manter-me em lugar seguro, mas custa. E, como em tudo na vida, há um preço a pagar, só que uma regra do jogo é não perguntar qual.
Mas pior é a incerteza, o não saber dele. O centro da minha vida, a pessoa com a qual mais me importei durante tanto tempo, é-me agora um estranho. Pode ser da vida, mas é violento, muito violento, demasiado violento. E que vá à merda quem me quiser negar este sentimento.
É um vazio que ele cavou fundo. Há quem o preencha com "putarias". Outros com comprimidos. Outros fingem ignorar. Quanto a mim, preciso de algo bom para preencher o meu. Acho que só o tempo o trará.
Tenho tanto fogo na alma, tanta raiva e tanto amor no coração, tantas lágrimas nos olhos, e não sei o que fazer com tudo isso.